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Paulo Portas segue então para comentador com o olho em Belém. Tem o exemplo de Marcelo Rebelo de Sousa - as televisões preferem audiências a informar, como se viu durante mais de 15 anos e no enormÃssimo frete da despedida do catedrático de Direito dada em directo na TVI.
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(Foto: dinheirovivo.pt)
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Marques Mendes vai matando saudades do seu já longÃnquo passado enquanto alegado produtor diário de alinhamentos de telejornal. Transferido recentemente da TVI24 para a SIC, o conselheiro de Estado, antigo ministro de Cavaco e antigo presidente do PSD, dá notÃcias, cria factos. Alimenta uma agenda, o estatuto de recrutável no mercado comentocrático da comunicação social.
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Depois de ter anunciado a convocação para breve do Conselho de Estado - Manuel Alegre, seu parceiro no órgão de aconselhamento do Presidente da República, afirmou desconhecer qualquer convocatória, mas o também conselheiro Marcelo Rebelo de Sousa, talvez para não ficar atrás de Mendes, confirmou a intenção de Cavaco, que, entretanto, afirmou que o marcaria quando fosse útil -, Marques Mendes descobriu em VÃtor Gaspar um perfil de comissário europeu.
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E porque não? Há muito que o paÃs se habituou a ver figuras sem grande préstimo alçadas aos mais cobiçados lugares. Gaspar seria mais um no rol infindável de personalidades menores, de desconhecidas virtudes cÃvicas e méritos discutÃveis, premiadas com colocações de sonho.
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Até poderia lá ser posto pelos seus. Mas, num sÃtio asseado, o PS, em aparente corte com o passado e por conta do qual corre a sucessão governativa, alertaria para a remoção logo que possÃvel.
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Infelizmente, o exemplo recente da Islândia, onde os responsáveis voltaram ao local do crime, baixa ao menos as expectativas quanto ao futuro.
Talvez André Freire devesse sair dos salões da (não) reflexão sobre a democracia imposta pelas empresas jornalÃsticas. E, tanto quanto se sabe, a frequência da TVI ainda é atribuÃda por concurso público e ocupa um espaço fÃsico que mais ninguém pode ocupar.
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(Foto:Â martinwestlake.eu)
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Eduardo Oliveira Silva, director do jornal i, não ouve Marcelo Rebelo de Sousa. Pelo menos não o ouviu há duas semanas. Ou talvez para não destoar da classe, tenha ligado só às partes mais orelhudas. Aquelas em que o comentador falou do seu próximo colega José Sócrates.
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Hoje, em editorial, o jornalista recusa que se governe "procedendo anualmente de forma provocatória em relação" à Constituição e afirma que quem o faz  "não tem condições éticas para exercer o poder". Â
Acrescenta mais. "Dir-se-á que a Constituição está velha e obsoleta em alguns aspectos. Está. Mas para a mudar é preciso procurar consensos dentro da Assembleia da República ou então apresentar um programa ao eleitorado que concite o apoio de tantos votantes" que elejam deputados em número suficiente para a mudar. Se no essencial o editorial é razoável e equilibrado, até feliz, neste parágrafo o jornalista incorre num erro. Infelizmente muito propalado.
Como lembrou Marcelo, o Orçamento de Estado poderá chumbar, mas não por a Constituição estar "velha e obsoleta". Onde o Orçamento de Passos Coelho, VÃtor Gaspar e Paulo Portas se arrisca a chumbar é no tipo de articulado que todas as constituições de paÃses democráticos sempre terão. Seja em Portugal, seja nos Estados Unidos da América.
Não serve de nada alterar a Lei Fundamental com o pretexto que não está de acordo com a realidade e que não deixa governar. O que estará no cerne de uma eventual decisão negativa do Tribunal Constitucional serão questões como a igualdade dos cidadãos perante a lei e perante a tributação. E alguém aceita que uns cidadãos sejam mais cidadãos que outros? Já basta o que basta.
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(Foto: Bola.pt)
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Na semana passada, na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa apenas disse uma coisa interessante: que até pode andar muita gente a dizer mal da Constituição, mas esquecem-se que os artigos da Lei Fundamental que derrubarão o Orçamento de Estado são artigos que todas as constituições democráticas têm. Ou seja, acrescento eu, trata-se artigos que por lá continuarão mesmo se o texto vier a ser alterado, extirpando arcaÃsmos como o direito à saúde, à educação, à habitação e lá essas coisas de que as pessoas precisam para viver.Â
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O Governo rabeia com a possibilidade de ver chumbado o Orçamento de Estado dois anos seguidos. Passos Coelho e Gaspar mostram-se incapazes de cumprir a lei, mas pelo discurso parece que foras-da-lei são os juizes do Constitucional. Cavaco não sabe o que fazer com a Constituição e não serão os assessores que o auxiliarão, Não o deixam publicar coisas nas redes sociais em vez de o aconselhar a portar à altura do cargo que exerce? Rebelo de Sousa veio pôr água na fervura dos defensores das mudanças constitucionais. Logo ele que nem será um particular adepto do texto actual.
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Nos jornais, preferiu destacar-se as suas boas-vindas a Sócrates bicando Rui Gomes da Silva. Em 2004, este ministro de Santana Lopes contribuiu para o fim da primeira estada de Marcelo na TVI. Ao que por aqui se pensava, em 2011, não se mudou uma vÃrgula. A coisa piorou entretanto, com a chegada de outros compères, embora Rebelo de Sousa tenha sugerido que isso é uma coisa boa.
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No caso presente, José Sócrates apenas ocupa um espaço que outros lhe dão. Não será a primeira vez que a comunicação social promove tempos de antena travestidos de jornalismo e comentário. Não há nenhum motivo para votar José Sócrates ao ostracismo, nem para que - como já muitos lembraram - os que se zangaram com a Grândola cantada a Relvas andem agora a promover petições para calar o ex-primeiro-ministro.
A Associação Portuguesa de Imprensa assinalou ontem o Dia Nacional da Imprensa.
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De acordo com o sÃtio da API, discutiram-se temas como A Comunicação Social não é um negócio do Estado e Mitos e factos da comunicação em papel.
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Foi também apresentado um tal de PECSIR - Plano de Emergência à Comunicação Social "Imprensa e Rádio", uma iniciativa da API que foi incluÃda num painel chamado O Estado tem obrigações para com a imprensa. Segundo a Meios & Publicidade, a API "está a negociar fundos no valor de 720 milhões para apoio aos media."
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Ainda segundo a API, discutiu-se o tema Imprensa regional portuguesa e o seu futuro num almoço-debate que contou com a presença de Miguel relvas, ministro com a tutela da Comunicação Social.Â
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Na sessão de antes de Almoço, diz a API, o Professor (sic) Marcelo Rebelo de Sousa deu aos participantes uma perspectiva daquilo que será Portugal 2013.
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Soopky, absolutamente spooky. Valerá a pena explicar porquê?
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(Foto: tvi.iol.pt)
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"Não é que vocês tenham perdido qualidades. O que se passa é que [há sÃtios] onde a vossa genialidade não é vista com tanto entusiasmo."
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(Foto: rr.pt)
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Em cima do anúncio da convocação do Conselho de Estado, esteve quase a sair um post sobre o lote de figuras escolhido por Cavaco para o órgão de aconselhamento presidencial.
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Mário Soares e Jorge Sampaio juntaram na quota de nomeações do Presidente gente de fora da sua área polÃtica. Chamaram representantes do PCP e do CDS quando não os havia eleitos pela Assembleia. Já Cavaco evacuou a esquerda do seu conselho de Estado, preferindo antes Dias Loureiro, substituÃdo entretanto por VÃtor Bento, Marcelo Rebelo de Sousa, Leonor Beleza, Bagão Félix ou João Lobo Antunes.
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O post acabou por não ser publicado. Embora o Conselho de Estado seja enviesado em tendências - deixa de fora quase vinte por cento das sensibilidades polÃticas nacionais (o peso aproximado dos eleitores BE e PCP) - Cavaco fizera o mÃnimo que se lhe pedia e até chamara Gaspar.
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No entanto, as coisas mudaram ligeiramente. Desde então recebeu, os parceiros sociais "subscritores do Acordo Tripartido «Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego»", mas deixou de lado a CGTP.
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Inventor do sistema económico em que se vive, de radiosos resultados, ao contrário dos antecessores, Cavaco não pretende ser o Presidente de Todos os Portugueses.
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Nas televisões, o conselheiro Marcelo repete que o drama provocado com o anúncio da subida da Taxa Social Única tem a ver com o modo de comunicação e não com o conteúdo da medida. Entretanto, os portugueses que Cavaco não representa, nem ouve, vão aconselhá-lo esta sexta-feira, no exterior do Palácio de Belém. E é bem provável que o contingente vá aumentado com muitos que votaram nele.
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(Foto: Margarida Ramos/Global Imagens em jn.pt)
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Marcelo Rebelo de Sousa é talvez o mais destacado defensor da teoria de que as manifestações pela demissão de Miguel Relvas estão condenadas ao fracasso.
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PrevisÃvel. À direita concebe-se a polÃtica principalmente enquanto veÃculo de poder. Para um grande número dos seus militantes, e simpatizantes, Maquiavel é autor a seguir.
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A contestação só faz sentido se mostrar resultados imediatos, se servir para obter ou manter o poder. Manifestações de cidadania, de participação, são, com sorte, remetidas para o campo das excentricidades, ou, o mais das vezes, da marginalidade.
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Quando está na oposição, o PSD é um partido vocacionado para encher a comunicação social com indignação e ruÃdo. Ainda se estudarão as diferenças de estados de alma das populações quando os laranjas são governo e quando aguardam a sua vez de alternar. Não se sabe se são os portugueses que são pacientes, se a esquerda que resiste melhor ao afastamento da governação.
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Marcelo é um alto quadro do partido. Não se espere que comente de modo neutro enquanto prossegue a campanha pessoal para a presidência da República.
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Sobre o sÃtio onde Relvas obteve alegada informação sobre a vida privada de um jornalista para a publicar há quem se questione e há quem acuse.
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Acredito que exageram. O ministro adjunto sempre cultivou as relações com os jornalistas. Cheguei a vê-lo na São Caetano à Lapa, rodeado de vários, gargalhando todos. Ruidosos, barulhentos, como velhos camaradas, a linguagem de caserna, desbragada.
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São daquelas coisas que aproximam as fontes, diz-se.
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Possivelmente, Relvas terá apenas recorrido ao arsenal de má-lÃngua, de rumores e histórias mal-contadas que contaminam as redacções. Também nunca ninguém disse que primasse pela elegância. E, no entanto, já devia ter feito o que há a fazer.
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Felizmente em Timor, Sua Excelência tem escassa moral para exigir a demissão de alguém por uma situação ligada ao condicionamento de jornalistas. Só que Passos Coelho não tem grande margem de manobra.
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Mais facilmente será destruÃdo nos jornais por isto que por erros na condução da crise. E logo à noite, Marcelo falará. E não se esqueçam que está, há muito, em pré-campanha para Belém.
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* Pilhado do tÃtulo de uma antiga coluna jornalÃstica.
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