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O sociólogo que preside aquela fundação do merceeiro holandês defendeu hoje e, pela mais que enésima vez, a revisão da constituição.
A notícia surpreende. Afinal, deve ser só a sétima ou oitava vez que, esta semana, Barreto defendeu a mudança da lei fundamental. Esta cisma é uma obsessão do sociólogo. E tanto é repetida há mais de uma década que já raia o maníaco. Mesmo assim temos de levar todas as semanas com ela que os jornais não se cansam de a repetir.
Repito: Qualquer dia dão-nos separação dos Beatles como novidade.
Que Cavaco se tenha rodeado de tais cabeças apenas escancara a dimensão da tragédia em que nos deixámos envolver.
Nota: a introdução de quebra de parágrafo é minha.
Há prosas de tal modo satisfeitas que um tipo fica na dúvida se se deverão a deformação profissional, resultante de uma vida entregue à diplomacia, se de hipertrofia da auto-estima.
* frase lendária atribuída a um qualquer lente regressado de uma conferência
(Fonte: dn.pt)
A TVI 24, que é assim uma espécie de canal oficial da Fundação Francisco Manuel dos Santos, lá tem transmitido directos da conferência Presente no Futuro. Portugal Europeu. E agora?
Em zapping, notei que um dos painéis incluia Manuel Villaverde Cabral, Augusto Mateus e António Barreto, moderados por Teresa de Sousa. Ou seja, pelo que se conhece do discurso público dos quatro oradores, uma enorme convergência de ponto de vista.
Acho que é isto que se entende em Portugal como um debate pluralista. Muitas pessoas a dizerem a mesmíssima coisa. Uma variante de Dupond e Dupont sem a qualidade estética do Hergé.
O Governo organizou uma conferência aberta à comunicação social mas impediu que esta gravasse e recolhesse mais do que as intervenções inicial, de Carlos moeda, e final, de Passos Coelho.
Parte dos jornalistas abandonaram a sala num gesto que não é habitual, mas a organização prometeu que no final do evento os órgãos de comunicação teriam direito a um digest do que tinha sido dito. Depreende-se que o preparado propagandístico teria sido convenientemente mastigado pelos assessores governamentais.
Infelizmente, ontem as televisões lá estavam transmitindo em directo a intervenção do chefe de Governo. Não sei o que disse, nem do que falou. Não fiquei a ver. Dou sempre pouco seguimento aos que manipulam de modo tão óbvio.
Seria bom que as direcções de informação tivessem tido a coragem de deixar Passos Coelho a falar sozinho não transmitindo o discurso de encerramento da conferência mal aberta. Aos boicotes informativos, responde-se na mesma medida. O jornalismo falha todos os dias.
Em 2011, depois de ter conseguido o apoio do PSD e do CDS-PP para lhe aprovar os PEC I, II e III, o PS foi enconstado às cordas pelos dois partidos que recusaram viabilizar também o IV Pacote de Estabilidade e Crescimento. Sócrates demitiu-se na sequência.
O facto ainda agora foi relembrado por Heloísa Apolónia, dos Verdes, na sequência da abstenção do PS na votação de uma proposta do PCP e do BE para subir o salário mínimo. Só que, sobre esse facto, os socialistas montaram desde então uma manobra de justificação para consumo dos seus próprios eleitores: a de que os responsáveis pelo chumbo do PEC IV foram PCP, BE e PEV - que já tinham votado contra os anteriores pacotes - e não os partidos de direita que mudaram entretanto as três posições anteriores.
A deputado dos verdes respondia ao deputado do PS Nuno Sá que acusava os partidos à esquerda por se terem aliado à direita derrubando o governo de sócrates, aquele "que em Portugal mais subiu o salário mínimo". Não se percebe então muito bem o motivo pelo qual o PS se absteve agora na votação proposta do PCP e do BE sobre esse assunto.
Torna-se confuso que o partido seja com Sócrates o campeão das subidas do salário mínimo, como reclama Nuno Sá, para ser na oposição incapaz de votar contra a maioria governamental que rejeitou o aumento.
Não há reunião internacional, manifestação, visita de alta individualidade que não conte com os anúncios aterrados do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo ou de qualquer gabinete da PSP.
Torna-se difícil manter a confiança nestas fontes quando, anúncio após anúncio, declaração após declaração, todo o fogo-de-artifício previsto com pompa e circunstância redunda numa pífia fumaça.
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