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Há muito tempo, não tarda dez anos, lá na revista, discuti com o meu editor o teor do artigo 187º da Constituição. Garanti-lhe que nada obrigava o Presidente da República a indicar para formar Governo o partido mais votado. O Chefe de Estado apenas era obrigado ouvir os partidos com representação parlamentar e, com base nos resultados eleitorais, nomear o primeiro-ministro.
Com o habitual ruído desvalorizador, a chefia em causa não se deixou convencer. E, no entanto, fora editor de política, primeiro, e numa espécie de espaço de debate, depois, servira até como espécie de mestre-de-cerimónias de dois que viriam ser primeiros-ministros.
Há semanas, no âmbito de uma formação, para aí no dia 12 ou 13 de Outubro, já António Costa negociava à esquerda, cruzei-me com um quadro televisivo que explicava como os jornalistas de política deitavam mão a Borgen, a série sobre os bastidores da política dinamarquesa. Usavam o programa para explicar como o segundo partido mais votado em legislativas podia tornar-se Governo, após reunir um apoio parlamentar maioritário. Disse-lhe que um dos problemas dos jornalistas políticos portugueses era verem demasiada televisão em vez de lerem a Constituição.
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