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O jornal Sol noticia a saída do ministro das Finanças em Janeiro. E outras publicações vão atrás. António Costa reagiu dizendo ser “um disparate completo que o ministro esteja para sair”. Mas o facto está criado e o Público conclui que “Costa segura Centeno”, como se tivessem garantias cruzadas de que a hipótese de demissão de Centeno é um facto insofismável – é o que sugere o verbo escolhido pelo diário. Num Governo só se segura aquele que está para cair.
Infelizmente, este tipo de notícia, as que dão conta da dissolução iminente do Executivo do PS, têm sido uma tendência nas publicações do grupo editorial deste que o Governo tomou posse. Têm tido demasiadas manchetes e títulos a confundir desejos próprios com a realidade.
Desta vez, pelo que está disponível online, pouco se conclui quanto à consistência da informação veiculada. As fontes estão por identificar. E as declarações citadas que o jornal considera não poderem ser mais explícitas nada têm que ver com a saída de Centeno – que é o título da notícia e manchete do semanário. Falam sim da entrega das declarações de rendimentos e património da administração da Caixa Geral de Depósitos.
Às tantas, parte volumosa da informação política portuguesa assenta em factos criados e alimentados pelos jornais como se correspondessem à realidade. Um deixa cair e o outro apanha. Ainda se trata de jornalismo? Fica informado quem só leia as gordas e não esteja preparado para a hermenêutica do que é publicado pelos jornais?
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