Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Marques Mendes é um político que cria factos que interessam ao seu partido, o PSD, e que uma estação de televisão usa como comentador.
Ontem deu o tiro de partida. Falou da necessidade de remodelar o Governo de António Costa. Como se fosse uma figura neutra, Mendes falou na mudança de titulares nas Finanças, na Economia e na Educação.
Se o primeiro pode ser acusado de falta de habilidade e o segundo de mal se dar por ele, com a pasta da Educação a coisa é diferente.
Remodelar Tiago Brandão Rodrigues é uma reestuturação que serve sobretudo os donos de colégios privados e os autores e editores de livros e manuais de exames - clientelas do anterior governo, apoiado por Marques Mendes.
Do lado do BE, da CDU e dos sindicatos é muito pouco provável que existam grandes queixas do ministro. Estão bem recordados de Nuno Crato. Resta a Marques Mendes ir dando uma má imagem do ministro Tiago Brandão Rodrigues. Queimá-lo em fogo lento.
O tiro de partida de Marques Mendes e a ideia de remodelação têm obvia intenção partidária, Mas os seguidores estão garantidos.
O facto virtualmente inexistente na véspera foi de imediato aproveitado por vários interessados no fim do Governo de Costa. De ontem para hoje até surgiram jornalistas a dar como garantido que Costa "já percebeu que tem de efectuar uma remodelação governamental".
Os achanços e desejos íntimos de Marques Mendes e de alguns jornalistas ainda não se tornaram factos. Embora pelo que se vai lendo, às vezes pareça.
A falta que fazem jornais e jornalistas com outra cultura, capazes de dar o outro lado dos discursos e acompanhar de outra perspectiva as vicissitudes de um Governo apoiado pela Esquerda parlamentar.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.