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O Inimigo Público, que nunca teve gracinha nenhuma -- como, apesar dos encómios, o Contra Informação também não tinha --, lá faz uma piadola sobre a ida de David Dinis para director do Público. Só que falha a sátira e tem um espírito enganador. Pode parecer autocrítica, mas mascara a realidade.
Diz o suplemento do Público que
Além da pouca piada, a graçola (num formato recorrente na publicação) tem outros dois defeitos.
Primeiro, o relevante não é que David Dinis seja de Direita. Tem até um certo je ne sais quoi dar a ideia de que eventuais críticas à escolha da Sonae decorrem da legítima opção pessoal e ideológica do novo director. O problema relevante é David Dinis ter sido assessor de um primeiro-ministro, Durão Barroso, e de depois disso nunca mais ter deixado de ocupar cargos de chefia e de direcção nos jornais portugueses. É um trânsito entre a política e o jornalismo que nem se aflora - que somos todos boa gente, tirando os excluídos das redacções.
Depois, fazer de conta, mesmo a brincar, que a coisa ficaria balançada com a entrega de outra direcção a alguém de Esquerda alimenta uma visão do jornalismo enquanto charco sem integridade.
Valerá a pena a piada se nem ao menos faz rir?
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