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Voltou-se tudo contra José António Saraiva, pelos atropelos éticos e deontológicos cometidos em Eu e os Políticos.
Não se leu uma palavra acerca da ética e deontologia do órgão de comunicação social que transcreveu e publicou passagens referentes a uma das pessoas envolvidas.
Curioso, que os alinhamentos noticiosos e as primeiras páginas dos jornais de hoje já não guardem referências directas* ao caso das viagens de governantes à vista de toda a gente e pagas pela Galp.
Ou os actores do PSD e do CDS-PP foram de férias ou o novo emprego petrolífero de Paulo Portas (e os incêndios florestais) lembrou-os de que correm o risco de sair chamuscados desta guerra. A ver se se contêm mais uns dias ou se não resistem, que a coisa tem potencial.
* A propósito do novo emprego de Portas, o jornal i fala de nova legislação do PS acerca de transparência
Mas irá ao México e em trabalho que Portas ganhou bastante expertise nos sectores da construção e dos combustíveis, nas bem recentes passagens pela Defesa e pelos Negócios Estrangeiros.
Pelo que representa de uma certa atitude cultural, o caso é grave e os comportamentos dos três governantes não são admissíveis.
No entanto, quando li o título "Quero quando não posso e não quero quando posso", julguei que Francisco Louçã se referia à situação.
Afinal não. Quem identifica um certo discurso de modo claro é o autor do blogue O Jumento com o título "Putas velhas armadas em virgens puritanas."
Aproveitando o articulado usado hoje - por uma jornalista sempre opiniosa e pouco dada ao exercício do contraditório - numa entrevista conduzida a meias: serão senhores "de um percurso e uma coerência peculiares".
A questão ética nem se lhes coloca, a aceitação por um governante de viagens pagas por uma grande empresa para ver jogos de futebol é de tal modo natural que a incompatibilidade e o lio em que se metem não lhes surge na cabeça de forma meridiana.
E, depois, sempre o primado da lei enquanto justificativo. Por estas e por outras é que se torna impossível ensinar ética e deontologia. Ou se tem ou não se tem.
A falta de consciência leva-os às várias formas de se apodrecerem civicamente, de se deixarem enredar em redes de criação de empatias. Simpatias que mais tarde podem ser ou não accionadas.
A falta de discernimento leva-os a porem-se a jeito e a minar Governos. Até por uns trocados, como no caso de Rocha Andrade. Não é o primeiro caso, não será o último.
E, neste caso, ainda por cima, o tiro assesta no omnipresente e central Ministério das Finanças. O que dificulta todas as medidas.
A lei foi "escrupulosamente cumprida" na contratação do ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas pela construtora Mota-Engil.
Quase em paralelo, soubera-se que a contratação pela companhia financeira Arrow Global da ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, "não viola a lei".
Por uma coincidência tramada, Durão Barroso é nomeado para a administração da Goldman-Sachs sem "conflito de interesse ou qualquer outra matéria que constitu[a] um impedimento dessa natureza".
David Dinis também saltou directamente da assessoria de imprensa do antigo primeiro-ministro Durão Barroso para o jornalismo político. Mas está tudo muito bem e correcto no melhor dos mundos: então se não existe "uma imposição legal de “quarentenas” para o trânsito entre assessorias e redacções"...
Sobejas-lhes o respeito da lei, quando o que lhes falta é de outra natureza.
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