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(Foto: expresso.sapo.pt)
Ainda por Belém, Ramalho Eanes defende papel da Filosofia na construção do país.
Agora, discursando em Belém, Mário Soares defendeu que os partidos se devem entender. A TVI filmou Bernardino Soares.
Na divisão clássica, os títulos da imprensa podem ser informativos ou incitativos. Mas há outra categoria: a dos maus títulos. Como este, do Público, onde se diz que ”Parlamentares recusaram comemoração alternativa do 25 de Abril [na sala do Senado]”.
O título é verdadeiro. Mas em regra, muitos leitores (e muitos jornalistas também) têm dificuldade em perceber a função do artigo definido e acham que “parlamentares” e “os parlamentares” quer dizer exactamente a mesma coisa. Mas não: “Parlamentares” refere-se à parte, alguns dos grupos mas não a totalidade. Já “os parlamentares” refere-se a todos, sem excepção.
Enquanto modelo incitativo o título não falha. Aponta a algumas ideias feitas: que os partidos são todos iguais, que não se distinguem uns dos outros, que não hipóteses de entendimento entre eles. E cria empatia com o taxista instantâneo que existe em cada leitor. Com o título em destaque, o Público não mente, mas toma partido, perpetua clichés e presta mau serviço à informação.
Se tivesse titulado que só o PCP tinha aceitado a proposta do PS para as comemorações alternativas fazia na mesma um título verdadeiro, mas desta vez informativo. E insisto, nunca é demais lembrá-lo, que o objectivo primeiro dos jornais é informar. Um título destes, mostrava existir um partido – o PS – que tenta, com uma proposta, resolver a ausência de comemorações parlamentares do 25 de Abril em 2011; mostrava a existência de um outro – o PCP – que afinal em certas coisas, mesmo que simbólicas (matéria não de somenos em Política), como neste caso, está aberto a convergências.
Nota: Já depois de ter feito este post, o jornal actualizou ligeiramente o título. Noto que a entrada na página de rosto do Público na net está jornalisticamente errada. Por questões possivelmente de espaço da caixa online, afirma-se que "os grupos parlamentares não responderam à proposta da vice-presidente do PS. É preciso ler a notícia toda para se sair informado.
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