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Havia aí um jornal que ia ouvir Barreto de cada vez que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas levava com um chumbo do Constitucional. Já se sabia que com o homem estava sempre garantido um par de frases de ataques à Lei Fundamental, uma coisa do PREC a pedir alteração de cabo a raso.
Agora, depois disto, logo depois disto, lá estava o sociólogo de serviço a uma entrevista de Vítor Gonçalves na RTP. Que era para ajudar a pensar o país na sequência dos fogos de Pedrógão Grande, justificava-se o membro da direcção do canal. E olha que dois para o fazerem.
As ideias estúpidas propagam-se com grande velocidade nos meios de comunicação social portugueses, que reproduzem como boas as superficialidades uns dos outros. Em regra para o mesmo lado, que falta-lhes em originalidade o que lhes sobra na constância das apostas pessoais. E Gonçalves faz parte do conjunto de jornalistas que não nos sossega propriamente quanto à qualidade da informação e do contraditório.
Entretanto, Judite Sousa, que nos andou a servir reportagens e directos com mortos nas imagens de fundo, serviu-nos também um debate que meteu os roubos de Tancos comentados pelos directores Paulo Ferreira e António Costa. Mas o canal podia ter convidado logo Assunção Costas e Passos Coelho, se era para a coisa ficar um bocado mais plural e diversa de pontos de vista. Ou aquele outro moço que garantia a pés juntos a existência de armas de destruição massiva no Iraque e que entretanto para fundar uma publicação sacou uns trocos a uns amigos de Durão Barroso.
Que se há-de fazer? Anda aí muita gente com carteira profissional de jornalista, mas sem perceber que jornais não são blogues.
António Barreto é um dos mais insuportáveis comentadores nacionais. Verborreico, pedante, elitista. E sem fibra.
A João Miguel Tavares (cujas qualidades comerciais passaram e passam, no essencial, por dizer mal de Sócrates como se não houvesse amanhã e por se comportar de modo bastamente parvinho - atributos que muito se apreciam na imprensa a que chegámos) ocorreu propor o ex-funcionário da fundação do merceeiro holandizado para chefiar uma comissão de investigação independente aos fogos de Pedrógão Grande.
Foi o que de independente ocorreu ao jornalista na coluna que lhe deram no Público. E propôs Barreto sem se rir. O que deve afastar a intenção piadística que cultiva.
Não se percebem especiais vantagens nas mudanças cronísticas do Diário de Notícias. Aproveita-se o momento do abandono das instalações da Avenida da Liberdade (que só por si constitui um crime cultural), sabe-se lá com que consequências para o espólio do jornal.
Parte dos novos cronistas são desconhecidos e logo pouco atractivos, outra parte é demasiado conhecida e logo nada atractiva - a quem é que ainda interessa o que António Barreto anda a repetir há décadas? E Vítor Bento, o ex-conselheiro de Cavaco, já não tem espaço próprio suficiente na televisão?
Depois, esperava-se que não cortassem as crónicas diárias, curtas, de Ferreira Fernandes, o registo em que o jornalista melhor funciona.
António Barreto disse ao Diário de Notícias preferir "os credores aos comunistas".
Para não recuar muito, nos últimos quatro anos, o muito, muito antigo ministro do PS preferiu sempre qualquer coisinha à constituição, à esquerda, aos comunistas, aos socialistas, aos fucnionários públicos, aos portugueses.
Nas ocasiões em que os interesses da comunicação social tiveram interesse em publicar coisas interessantes nas primeiras páginas, Barreto nunca lhes faltou.
Um bem haja de todos nós.
Que bonito. Este mês ainda não tinha visto nenhuma entrevista ao Barreto do Soares dos Santos.
O sociólogo que preside aquela fundação do merceeiro holandês defendeu hoje e, pela mais que enésima vez, a revisão da constituição.
A notícia surpreende. Afinal, deve ser só a sétima ou oitava vez que, esta semana, Barreto defendeu a mudança da lei fundamental. Esta cisma é uma obsessão do sociólogo. E tanto é repetida há mais de uma década que já raia o maníaco. Mesmo assim temos de levar todas as semanas com ela que os jornais não se cansam de a repetir.
Repito: Qualquer dia dão-nos separação dos Beatles como novidade.
Depois de se ter enganado ao escrever que a actual coligação governamental é aquela que há mais tempo se aguenta no poder, o jornalista foi fazer a tricentésima entrevista (só neste ano) ao mais pop dos assalariados de um conhecido mercador holandês.
Como aquilo espremido, mexido e voltado do avesso nada terá que se recomende ou com vago brilho, lá se chamou para título o mais propalado e gritado dos sonhos húmidos do homem: que o que faz falta é mudar a constituição.
Mas ainda há aí alguém que não soubesse que há anos que António Barreto quase não faz outra coisa que repetir isso? Será notícia a enésima debitação da mesma ideia política pingada de modo a entrar na cabeça dos brutos? Daqui a nada dão-nos a separação dos Beatles como manchete.
(Fonte: dn.pt)
A TVI 24, que é assim uma espécie de canal oficial da Fundação Francisco Manuel dos Santos, lá tem transmitido directos da conferência Presente no Futuro. Portugal Europeu. E agora?
Em zapping, notei que um dos painéis incluia Manuel Villaverde Cabral, Augusto Mateus e António Barreto, moderados por Teresa de Sousa. Ou seja, pelo que se conhece do discurso público dos quatro oradores, uma enorme convergência de ponto de vista.
Acho que é isto que se entende em Portugal como um debate pluralista. Muitas pessoas a dizerem a mesmíssima coisa. Uma variante de Dupond e Dupont sem a qualidade estética do Hergé.
António Barreto lá dava ontem mais uma entrevista onde defendia a mudança da Constituição e o extermínio dos direitos dos funcionários públicos, que são aliás as únicas coisas que se conseguem registar do seu pensamento explicitado.
Pelo caminho - lia-se em titulo - acusava ainda o Governo de cobardia, possivelmente por não mudar a Constituição e por não exterminar (ainda mais) os direitos dos funcionários públicos.
Ter o sociólogo do regime e da situação a falar de cobardia não recomendará propriamente uma entrevista. Não a linco, mas quem quiser ler pode procurá-la no google. Tem aproximadamente dois milhões de entradas, que é para escolher à vontade. Nelas, Barreto há-de falar sempre da mudança da Constituição, da necessidade de exterminar os direitos dos funcionários públicos. A coisa nunca é particularmente exaltante e aproxima-se demasiado do risível vê-lo a ele a falar de coragem.
Os portugueses em 2030 foram tema de encontro organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos que a TVI ontem generosamente difundiu e acompanhou.
Passei por lá episodicamente descobrindo vendedores de banha da cobra, televangelização dos mercados, o riso embevecido de António Barreto que alguém lamentava não querer concorrer à Presidência da República. O painel até deve ter gente respeitável, apenas não topei com eles durante o zapping.
Mas fiquei para ver ao apanhar em intervenção final Ricardo Araújo Pereira, Nuno Markl, Pedro Ribeiro, Vasco Palmeirim. O patrão-mor da Fundação colocou uma qualquer questão sobre o papel dos humoristas na criação de um espírito crítico dos cidadãos. O Gato Fedorento concluiu lembrando que tinha feito um sketch dedicado às promoções do supermercado do senhor.
No fecho da emissão, o jornalista José Carlos Araújo entrevistou os quatro. De volta, mais coisa menos coisa, Ricardo Araújo Pereira perguntou-lhe algumas coisas que já me tinham assaltado. Se a TVI24, não tinha mais nada para acompanhar e o que é que a SIC-Notícias teria estado a passar: se calhar coisas sobre o Governo, ou assim.
Vá lá que já não se vai a correr esconder as pratas, como se fazia dantes com os comendiantes.
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