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Está na casa dos vinte ou dos trinta anos. Aguarda na reprografia da Biblioteca Nacional que lhe acabem de copiar várias páginas de uns grandes e grossos volumes de lombada oitocentista e estragada.
E indigna-se. Onde é que já se viu fazer na Biblioteca Nacional a cerimónia da entrega do espólio de José Saramago, que terá a presença de António Costa. Devia ser no Centro Cultural de Belém, que aquilo está cheio de salas vazias, onde se gastaram milhões e a que não se dá o uso prometido aquando da construção, assevera.
Pouco interessa ao indignado que se trate da entrega do espólio do Nobel da Literatura de 1998 à Biblioteca Nacional de Portugal. Onde tinha de se realizar a cerimónia era no CCB. Lá nessas salas do centro cultural lisboeta é que tinha de ser entregue o espólio à nacional biblioteca, que era para dar uso ao equipamento alegadamente parado.
Por acréscimo, achará, talvez, que uma biblioteca é um depósito de livros. Uma coisa sem vocação para mais nada. Ao indignado, também não ocorreu a contenda entre Saramago e Cavaco. Ou o que a construção do Centro Cultural de Belém significa na política cultural cavaquista.
Podem passar-se horas com livros à frente e não se dizer coisa com coisa.
Depois da entrada em processo de desobediência civil quanto ao uso do acordo ortográfico no CCB, Vasco Graça Moura anuncia um conselho directivo a que pertencem Luís Campos e Cunha e Estela Barbot.
São mais conhecidos pelos seus pontos de vista sobre Economia e pró-FMI, mas os méritos dos escolhidos serão amplos.
Assim de repente, Campos e Cunha foi há dias convidado a escolher um filme para ver e apresentar num ciclo da Cinemateca dedicado à Economia (já agora, optou por O Mundo a Seus Pés). Pelo apelido, Estela Barbot será prima do escritor Mário Cláudio.
Mas se se lhes espiolhar as folhas corridas, haverá, de certeza, outras cenas a justificar as escolhas.
A nomeação de Vasco Graça Moura para a direcção do Centro Cultural de Belém (CCB) tem sido gerida da pior forma possível.
Se o currículo do escritor é quase irrepreensível (infelizmente, há o seu alter ego de cronista caceteiro e a defesa da pena de morte), o recente ataque de vários militantes laranjas a lugares apetecíveis (EDP e Águas de Portugal) acabou por ensombrar a escolha.
Como um mal nunca vem só agora é o conselho directivo do CCB que se demite em bloco por reprovar "eticamente a forma como a Secretaria de Estado da Cultura conduziu o processo, por alegadamente ter, numa primeira fase, garantido a recondução de Mega Ferreira e depois invocar a impossibilidade política da recondução."
Entre os demissionários, encontra-se Laborinho Lúcio, antigo ministro da Justiça cavaquista.
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