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(Foto:bundesfinanzministerium.de)
Esta é a nave de loucos inimputáveis que sequestrou as poupanças dos cipriotas, não é?
Nenhum democrata lê isto e fica descansado. Angela Merkel comporta-se como uma tirana autoritária e prepotente, acolitada pelos cobardes que em todos os governos europeus (no português também, pois claro) lhe aparam sucessivos golpes criminosos e hegemónicos. A facilidade e apetite por esmagar e humilhar dizem muito sobre um carácter.
(Foto: spox.com)
É natural que Wolfgang Schaüble, ministro das Finanças da Alemanha, lamente a decisão do parlamento cipriota. Cúpido, contava já com a transferência das contas russas para a banca alemã.
Duvida-se que o preocupasse por aí além a origem das massas. No caso de Chipre isso só trouxe preocupações agora que a coisa deu para o torto. Nunca antes.
Também pouco importa que os clientes da banca cipriota se vejam forçados a alavancar os falhanços das instituições financeiras locais, como um vulgar accionista habituado a ver os lucros bem remunerados. No fundo, é algo assim como obrigar o caríssimo leitor a entregar parte das suas poupanças para acudir ao dono do talho onde habitualmente se abastece e que está na iminência de falir.
O pessoal das energéticas, que não brinca em serviço, até já se ofereceu para assumir a reestruturação do sistema bancário cipriota. Se companhias fruteiras norte-americanas governaram países inteiros na América Latina, se o sistema bancário subjuga actualmente vários países europeus - Portugal incluído - haverá problema de maior caso a Gazprom venha a governar Chipre?
O parlamento cipriota recusou em bloco a medida de sequestro bancário e das poupanças decidida na sexta-feira no âmbito do Eurogrupo.
Ainda não é certo que exista inteligência entre os governantes da zona euro, mas pelo menos evidenciaram um módico de instinto de sobrevivência. À última hora acobardaram-se com a jerica ideia.
(Foto: jornada.unam.mx)
Segundo parece, na sequência da última reunião do Eurogrupo, o ministro cipriota das Finanças acabou por ficar sozinho com os homónimos holandês e alemão discutindo a situação na ilha enquanto òs restantes congéneres andavam pelos corredores**.
Terá sido do seio desse triunvirato que saiu a decisão de sequestrar os depósitos bancários cipriotas impondo-lhes uma taxa de 6,7% aos depósitos abaixo dos 100 mil euros e de 9,9% para os depósitos acima desse valor. Depois, a coisa terá sido votada unanimemente pelos ministros das Finanças. O outrora luminoso Gaspar incluído.
Cavaco concluiu bem que "o bom-senso terá emigrado para outras paragens". Bagão Félix viu na ideia a "medida ideal" para acabar com o euro. Se a coisa for por diante, mais ninguém confiará na zona Euro, nem no seu sistema bancário. Um norte-americano, o Nobel Paul Krugman, considerou que a solução apresentada constitui um convite dos governos europeus para que todos os cidadãos corram aos bancos para levantar os seus depósitos.
Entretanto, demasiadas horas depois, os omnipotentes alemãs pareceram perceber a cretinice da medida. E, corajosos, lá garantiram nada ter tido a ver com o assunto. Hoje, o ministro alemão das Finanças negou ter sido a Alemanha a impor a taxa sobre os depósitos ao Governo cipriota. A justificação de Wofgang Schauble não evidencia um raciocínio particularmente brilhante: se tivesse surgido outra solução não teria havido problema em apoiá-la, disse. Demasiado curto e poucochinho que alguém com a responsabilidade impositiva de Schauble tenha sido incapaz de entender onde estavam a meter o euro e a União Europeia.
As justificações para a medida foram as do costume. Os sistematicamente superavitários contribuintes alemães não teriam de arcar com os desaires dos depositantes russos na banca cipriota. Sempre a questão moral brandida pelos nórdicos, em concreto por estes que pelo caminho que a coisa leva serão os responsáveis pela terceira destruição europeia no espaço de um século.
E finalmente chega o que parece ser um recuo. O Eurogrupo terá começado a pensar e talvez já não venha a impor a taxação dos depósitos abaixo dos 100 mil euros, para muita gente as poupanças de uma vida de trabalho.
A saída do euro tem de começar a ser pensada. Se o norte não quiser continuar na União Europeia, talvez o sul possa continuá-la com gente com hábitos e práticas culturais de outra índole.
* Em circunstâncias normais, o título do post seria calunioso. Já não é. Não seria possível que gente impreparada ou até completamente analfabeta em matérias económico-financeiras tomasse medidas mais desajustadas ou mais criminosas do que aquelas que sistematicamente são tomadas pelo conjunto dos ministros das Finanças europeus, vários deles apresentados como académicos e técnicos reputados.
** À versão contada por um director de publicação económica (sem link) junta-se, esta do Expresso, onde se compara o que fizeram e disseram depois vários responsáveis políticos, da Comissão Europeia, do BCE e do FMI incluídos
(Foto: annefrankguide.com)
Estrela Serrano relembra hoje como jornalistas e comentadores embandeiraram em arco com a tróica por aqueles dias em que ela aterrou na Portela.
O trabalho de republicar o que então foi dito por muitos seria aquilo a que com propriedade se poderia chamar serviço público. Até por que com os resultados agora anunciados pelo então muito amado Gaspar permitiria expor o que esses jornalistas e comentadores valem enquanto analistas.
Mostraria ainda como o papaguear asneiras e defender comportamentos sociopatas e radicalismo se torna muito mais benéfico para uma carreira no jornalismo português do que chamar a atenção para a situação a que chegámos.
Os novos números de Gaspar e da tróica correm o risco de tornar Portugal em novo Chipre de contas encerradas. E Chipre das contas encerradas é um prenúncio do fim do Euro. Quem manda, das instâncias comunitárias aos governos nacionais, está em absoluto e irresponsável estado de negação enquanto tudo faz para apressar a entrada de Portugal em bancarrota e o fim da União Europeia.
Nos jornais que sobreviverem vai-se reacertando a agulha comentarista como se os que falharam em toda a linha por motivações alheias ao jornalismo pudessem continuar credíveis nas direcções e editorias que já então ocupavam.
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