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Sou livre tenho direito à escolha e escolho o táxi

por Tempos Modernos, em 29.05.16

Vou deixar de usar os transportes públicos. Arranjei um tipo que tem um táxi porreiro e confortável. Vou passar a viajar nele e depois mando a conta aos tipos dos colégios privados ou ao cardeal Clemente e à Conferência Episcopal Portuguesa.

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publicado às 17:25

"Assunção Cristas defende que a escola pública também possa ser "sacrificada" por motivos ideológicos.

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publicado às 17:04

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou há dias a Democracia por nunca ter atacado a Igreja Católica portuguesa.

 

São sentimentos bonitos, que infelizmente não garantem reciprocidade. Ao contrário dos antecessores pós 25 de Abril, Manuel Clemente não tem guardado sempre distância dos partidos que aprecia quando vai votar.

 

Em conferência e imprensa e na homilia de 13 de Maio, em Fátima, o cardeal voltou a tomar partido pelos colégios com contrato de associação.

 

Aproveitou o Altar do Mundo para explicar como o Estado deve legislar tendo em conta as "legítimas escolhas de cada um".

 

Entretanto a Conferência Episcopal Portuguesa resolveu apoiar a manif promovida hoje por associações ligadas a colégios com contrato de associação.

 

A Democracia não atacou O Reino, mas os d'O Reino são Legião a meter-se com César.

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publicado às 15:16

cartaz_jsd.jpg

 

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publicado às 12:19

Preocupações tardias

por Tempos Modernos, em 19.05.16

Diz-se no Público que o primeiro-ministro António Costa quer mais privados na educação, mas que ainda ninguém disse que sim. A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade diz que proposta de Costa vai criar "redundâncias" como as que criticou nos contratos de associação.

 

Curioso que venha destes sítios a preocupação com as redundâncias. Será genuíno ou revelará precupações com a redistribuição do bolo? Há dias, ao corte de turmas, previsto pelo Estado, nos colégios privados com contrato de associação, chamou Rodrigo Queirós e Melo, da Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular, a "certidão de óbito" do sector. Exageros, quando a coisa atingirá 39 colégios num universo de 2800 estabelecimentos de ensino do género.

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publicado às 08:36

Fumigar a 5 de Outubro

por Tempos Modernos, em 06.12.15

5out.jpg

(fonte: cm-lisboa.pt)

 

Aí para baixo, em tempos, escrevi como seria fácil corrigir a obra de Nuno Crato à frente do Ministério da Educação. Bastava um diploma onde se revogasse toda a legislação aprovada pela 5 de Outubro entre a entrada e a saída de funções do ministro.

 

Em resposta, alguém me dizia não se poder andar sempre a mudar tudo. A ideia, em abstracto, não repugna, mas pela ignorância da dimensão da catástrofe a minha interlocutora só podia ser votante da coisa. Em linhas gerais, e noutras circunstâncias, até concordaria com ela. O grosso dos ministros da Educação teriam ganhado em não querer fazer grandes mudanças ao trabalho dos antecessores e em, com acertos pontuais, deixar correr. Por isso mesmo, cauteloso, escrevera (admitindo que não seria tão fácil em todas as circunstâncias) como se torna tão fácil corrigir a obra de Crato. É fechar os buracos por onde a legislação pode escapar e fumigar tudo.

 

Os exames da 4ª classe já foram. Alguns falaram de aprendizagem, como se fazer exames equivalesse a rigor e exigência; como se, por se andar metade de um ano lectivo em preparação para o exame, se aprendesse muito mais do que respostas condicionais e automatismos instrumentais. Gente insuspeita, que em tempos também os fez, e que nem sequer tem mentalidade especialmente cavernícola, descobriu-lhes encantos. Achou-os um bom método de preparação dos pequeninos para a dureza da vida. É passar um atestado de estupidez aos mais novos. Acham realmente que nestes anos as crianças não repararam em como a vida é difícil?

 

Outra medida de Crato deverá seguir, agora, para o desejável balde do lixo, um outro retrocesso da governação de Passos e Portas - o do ensino vocacional do 5º ao 9º ano. Estas aventesmas não repararam na velocidade com que, quase de um ano para o outro, um curso superior de garantidas saídas profissionais, como o de engenharia civil, passou a formar tantos futuros desempregados. Não tarda, os engenheiros civis voltarão a fazer falta, mas esta gente não percebeu a velocidade com que mudam as necessidades do mundo. Em como é arriscado apostar num ensino-ferramenta, numa coisa instrumental, simplesmente aplicada, voltada para a resolução de problemas imediatos em rápida mutação de paradigma. E, ainda assim, Passos, Portas, Crato, num autêntico programa de genocídio educativo, acreditaram descobrir vocações com futuro em crianças de dez anos.

 

Mas se houve cortes e medidas insensatas, também houve quem no sector tivesse contra-partida. Vejam-se os aumentos nos apoios ao ensino privado e a promessa do cheque-ensino. Será destas medidas que sai tanto apoio do cardeal Clemente aos partidos de Passos e de Portas? O negócio católico dos colégios privados é bastante extenso. Na freguesia de Fátima, Ourém, não existe nenhum estabelecimento de ensino público entre o 5º e o 12º ano de escolaridade. Se faz sentido o Estado subsidiar escolas privadas em sítios onde não exista ensino público, fará sentido que não abra escolas em Fátima? A população em idade estudantil não o justificará? Ou é um favor aos bispos? Em 2011, Fátima contava com quase dois mil habitantes com menos de 14 anos.  Em tempos de vacas tão magras que sentido faz desviar verbas dao ensino público para subvencionar negócios privados e garantir-lhes rendas à custa dos contribuintes? Ou os papás de Fátima não têm direito à liberdade de escolha e devem ser obrigados a manter os filhos em escolas católicas?

 

Uma nota final. Vale a pena assinalar como tanta gente superiormente inteligente, Carlos Fiolhais, por exemplo, tiveram, em tempos, simpatia por Crato. Enganaram-se rotundamente mas não foi por não terem informação suficente. Bastava andarem atentos. Estava lá tudo, muito antes de ser ministro, não é? A visão de Crato das universidades e do seu papel é pouco mais do que troglodita. Houve demasiada gente, com responsabilidades cívicas, a confundir o autoritarismo cratiano de raiz maoísta com rigor, exigência e qualidade.

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publicado às 15:35


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