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Carlos Silva pode achar o que quiser da postura da CGTP na concertação social. Mas querer decidir o modo como a intersindical actua ou deixa de actuar, discute ou deixa de discutir, já extravasa um bocadinho as funções do secretário-geral da UGT.
Os 25 dias de férias para trabalhadores com um certo número de anos de serviço foram postos no Código de Trabalho por Bagão Félix, no tempo de Durão Barroso. Vendeu-se na ocasião ser um modo de compensar os trabalhadores por várias garantias tiradas pelo Governo, em nome de uma muito alegada competitividade laboral.
Numa política de pequenos passos, de tirar um pedaço de cada vez, depois de Bagão Félix trocar garantias laborais pelo rebuçado, já então nada equivalente, dos 25 dias de férias, passou-se à fase seguinte. Ou seja, no Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, as férias foram reduzidas para os 22 dias anteriores. Mas as garantias retiradas aos trabalhadores pelo ministro do Governo PSD/CDS-PP, de Durão Barroso e de Paulo Portas, não foram repostas.
E ainda não foi desta que regressaram os 25 dias dados da outra vez como rebuçado - um rebuçado, como se verifica, facilmente retirável e esquecível. Não se percebe por isso muito bem o sentido de discutir a reposição dos 25 dias tirados na concertação social em vez de repôr uma promessa feita há 15 anos e traída entretanto.
É que não se está a discutir um aumento de direitos. Está-se a discutir a reposição de algo que foi trocado por vários recuos laborais que os autores diziam ir trazer crescimento dos salários e do emprego.
... é acabar com os subsídios. Como, aliás, se disse aqui atempadamente, como a CGTP acusou e como anteontem vincava Isabel Moreira - deputada que nem sequer entrou pela esquerda no grupo parlamentar do PS.
A "razoabilidade" dos mais fracos (em casos claros, a tibieza, cumplicidade ou mesmo intencionalidade) parte a corda sempre para o mesmo lado. Aceitar o pagamento dos subsídios em duodécimos apenas vai permitir baixar mais os salários prosseguindo o desígnio do país de baixo custo terceiro-mundializado.
Diluir os subsídios de Natal e de Férias ao longo do ano nos salários é um velho desejo da direita, há muito defendido por figuras como Bagão Félix.
Dizem que é mais justo, uma vez que o trabalhador tem direito a essas verbas que assim ficam desde logo à sua disposição. Defendem ainda que facilitam a vida das tesourarias das empresas, que deixam de necessitar de dois meses no ano em que movimentam uma massa salarial duas vezes com o dobro do tamanho habitual.
Pedro Mota Soares que se tem especializado em mostrar na prática o trabalho do partido dos contribuintes, pobres e reformados volta à carga com essa velha ideia em conselho de concertação social. E diz querer começar a devolver subsídios aos trabalhadores logo no primeiro mês de 2013.
A proposta que parceiros como a UGT se arriscam a aceitar - não tem aceitado tudo? - é uma armadilha adoçada pelo rebuçado de não ver o ordenado cair tanto em Janeiro. A medida permitirá que com o valor diluido em duodécimos fique criada a ilusão de um aumento de salário.
Em breve, será sobre essa massa que se farão cálculos e estimativas salariais e num prazo mais curto que longo, estarão os subsídios enterrados de vez e entretanto comidos pela inflação.
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