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As visitas de Belém

por Tempos Modernos, em 19.11.15

Cavaco gosta tanto de ouvir o oco que reverbera que, entre os economistas escolhidos a dedo para o aconselharem sobre a nomeação de um novo Governo, está Vítor Bento, representante da raça e um caso sério de lata e desfaçatez.

 

Se, e quando, o voltar a ouvir (um destes dias, que deixou de haver pressa de formar Governo, ou empenho na estabilidade governativa) na qualidade de conselheiro de Estado (cargo que ocupa pela cota pessoal do inquilino de Belém), Cavaco não estranhará o eco repetindo o que já antes quisera ouvir.

 

Talvez até sorria embevecido com o dia em que, quebrando a tradição dos Presidentes da República da Democracia, deixou de indicar para o Conselho de Estado gente que cobrisse todo o espectro ideológico e convidou cinco caixas de ressonância da sua própria opinião. Se acedera a interromper o doce remanso da reforma, não fora de certeza para ouvir parvoeiras e gente estúpida.

 

E talvez Cavaco evite esconder a melancolia por, nesta rodada das forças vivas da nação, não ter podido convidar o amigo Dias Loureiro, antigo banqueiro e companheiro de Governo e partido que também foi seu conselheiro de Estado.

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publicado às 10:02

(Foto: tvi24iol.pt)

 

Longe vão os tempos em que o Presidente da República se servia da sua quota pessoal no Conselho de Estado para dar voz aos partidos parlamentares sem representação neste órgão.

 

Com Cavaco a lógica mudou. O actual inquilino de Belém tem optado por indicar quem pensa como ele. Curioso que tenha vindo das suas bandas partidárias (Marques Mendes eleito pelo parlamento e Rebelo de Sousa indicado pelo PR) o anúncio de que o Conselho de Estado estava para se reunir.

 

O socialista Manuel Alegre, conselheiro eleito pela Assembleia, não sabia de nada. O outro representante parlamentar vindo das bandas do PS, o secretário-geral António José Seguro, soube pelos jornais da convocatória pelos jornais da convocatória do órgão de aconselhamento político do Presidente da República. Aparentemente, a comunicação do Conselho de Estado funcionará melhor num sentido que noutro.

 

E que se vai discutir no Conselho de Estado? As perspectivas da economia portuguesa após a saída da tróica, daqui a um ano. Além de manter a discussão dentro do círculo ideológico que trouxe o país ao estado em que se encontra, Cavaco procura conselho em matéria que nem sequer está exactamente dentro do âmbito das competências constitucionais presidenciais.

 

Embora diga que não, que na sombra trabalho muito essas questões, na aparência, Cavaco está mais que desatento ao estado de calamidade em que muitos vivem. Depois admire-se de ter mais uma manifestação marcada para a sua porta, no dia 25 de Maio.

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publicado às 15:45

Os senhores comissários

por Tempos Modernos, em 12.05.13

 

(Foto: dinheirovivo.pt)

 

Marques Mendes vai matando saudades do seu já longínquo passado enquanto alegado produtor diário de alinhamentos de telejornal. Transferido recentemente da TVI24 para a SIC, o conselheiro de Estado, antigo ministro de Cavaco e antigo presidente do PSD, dá notícias, cria factos. Alimenta uma agenda, o estatuto de recrutável no mercado comentocrático da comunicação social.

 

Depois de ter anunciado a convocação para breve do Conselho de Estado - Manuel Alegre, seu parceiro no órgão de aconselhamento do Presidente da República, afirmou desconhecer qualquer convocatória, mas o também conselheiro Marcelo Rebelo de Sousa, talvez para não ficar atrás de Mendes, confirmou a intenção de Cavaco, que, entretanto, afirmou que o marcaria quando fosse útil -,  Marques Mendes descobriu em Vítor Gaspar um perfil de comissário europeu.

 

E porque não? Há muito que o país se habituou a ver figuras sem grande préstimo alçadas aos mais cobiçados lugares. Gaspar seria mais um no  rol infindável de personalidades menores, de desconhecidas virtudes cívicas e méritos discutíveis, premiadas com colocações de sonho.

 

Até poderia lá ser posto pelos seus. Mas, num sítio asseado, o PS, em aparente corte com o passado e por conta do qual corre a sucessão governativa, alertaria para a remoção logo que possível.

 

Infelizmente, o exemplo recente  da Islândia, onde os responsáveis voltaram ao local do crime, baixa ao menos as expectativas quanto ao futuro.

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publicado às 09:46

O que pensam cavaquistas

por Tempos Modernos, em 09.11.12

 

 

(Foto: SIC Notícias)

 

Num país com uma opinião pública mais informada e exigente, Vítor Bento não teria condições para ser conselheiro de Estado ou para, através da comunicação social, dar conselhos moralistas aos outros.

 

Mas é. E é um dos propostos por Cavaco, que só tem nomeado gente que pensa como ele, ao contrário de Mário Soares e Jorge Sampaio que procuraram o pluralismo no aconselhamento.

 

Vir agora um conselheiro de Estado defender a refundação do regime e revisão da constituição, na linha de Passos Coelho, lança confusão sobre o longo silêncio cavaquista, quebrado apenas num hotel de luxo.

 

Curioso quando até o FMI parece já ter percebido algumas coisinhas básicas e Cavaco fora de portas também. Caso não se tenha dado por isso, a refundação do país e a revisão da Constituição apenas visam promover o rumo que se tem seguido.

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publicado às 09:14

Oportunidades ministeriais

por Tempos Modernos, em 12.10.12

O conselheiro de Estado Bagão Félix afirma taxativamente que nesta altura é difícil arranjar quem queira ir para o Governo.

 

Dito assim não soa a opinião achista ou impressionista. Dá a impressão que andaram a perguntar.

 

E ainda esta semana Victor Gonçalves, na RTP 1, entrevistou um que anda mortinho para lá ir parar.

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publicado às 08:21

Acorda consenso anti-austeritário

por Tempos Modernos, em 22.09.12

 

(Foto: blogue Terra Imunda)

 

Está cada vez mais articulada em termos oratórios a resposta que os portugueses dão para o seu descontentamento com a crise. Isso foi bem claro na vigília que ontem se realizou durante o Conselho de Estado.

 

A existência destas manifestações tem feito com que durante um lapso de tempo razoável se quebre o grande consenso narrativo que tem imperado nalguma classe política e entre a maioria dos comentadores televisivos. Uma forma de combater inevitabilidades, quando se anda na rua e ainda se ouve muita gente resignada com a profundidade da austeridade necessária.

 

Depois, coincidente ou não com o apelo de um sindicato da PSP à contenção da corporação antes do 15 de Setembro, nestas últimas iniciativas de protesto não se falou em cargas policiais mal explicadas. Embora tenha sido aproveitada na imprensa, onde existe quem goste sempre de acenar com os perigos de uma qualquer mano negra, a detenção de manifestantes não ofuscou o impacto dos movimentos. As imagens televisivas são mais que suficientes para destruir esse discurso.

 

No próximo sábado, dia 29, a CGTP, que não foi ouvida por Cavaco em vésperas de Conselho de Estado, tem uma manifestação marcada e corre o risco de a ver substancialmente alargada em relação ao habitual. Os que continuam a fazer o discurso anti-político, bem nutrido por muitos representantes da classe, talvez não estejam lá, mas a convergência com outras forças existirá. Há pouco espaço na imprensa, como muitas vezes acontece, para ignorar ou passar a vol d'oiseau pela iniciativa da central sindical.

 

Dia 5 de Outubro, talvez o último a celebrar-se, enquanto feriado, nos tempos mais próximos, realiza-se na Aula Magna, em Lisboa, o Congresso Democrático das Alternativas. Manda a decência editorial que tenha tanto tempo de antena televisivo como uma recente iniciativa de uma fundação ligada a um supermercado. Os organizadores não querem que a coisa seja um momento de chegada e todos os episódios contam para manter vivo o discurso contra a inevitabilidade.

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publicado às 09:42

 

(Foto: Blog do Bueno)

 

A TVI24 tem no terreno da vigília ao Conselho de Estado uma repórter que propaga o fervor anti-partidos daquela gente.

 

Em frente ao palácio de Belém, uma manifestante cobre com estridência violenta um directo de Catarina Martins, do BE, e a jornalista generaliza e conclui que como a "manifestação é cidadã", "os" manifestantes não vêem com bons olhos a presença de gente "dos" partidos".

 

Se desse uma voltinha na blogosfera teria talvez dado conta de que muitos dos que apelaram à vigília em frente ao palácio de Belém são militantes ou simpatizantes do PS, do PCP e do BE. Se ouvisse mais gente, perceberia que boa parte do discurso produzido pelos manifestantes não só não é anti-partidos como está longe de engalfinhar a totalidade dos partidos no mesmo saco.

 

Em simultâneo, em directo do estúdio, Helena Matos comenta a situação política. Uma escolha bastante informativa. Não só é uma das ultras da propaganda de direita, como no passado dia 15 conseguiu ver uma manifestação de "alguns milhares" de pessoas uma vez que "o povo foi para a praia".

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publicado às 19:45

A ouvir-se em Belém

por Tempos Modernos, em 19.09.12

 

(Foto: rr.pt)

 

Em cima do anúncio da convocação do Conselho de Estado, esteve quase a sair um post sobre o lote de figuras escolhido por Cavaco para o órgão de aconselhamento presidencial.

 

Mário Soares e Jorge Sampaio juntaram na quota de nomeações do Presidente gente de fora da sua área política. Chamaram  representantes do PCP e do CDS quando não os havia eleitos pela Assembleia. Já Cavaco evacuou a esquerda do seu conselho de Estado, preferindo antes Dias Loureiro, substituído entretanto por Vítor Bento, Marcelo Rebelo de Sousa, Leonor Beleza, Bagão Félix ou João Lobo Antunes.

 

O post acabou por não ser publicado. Embora o Conselho de Estado seja enviesado em tendências - deixa de fora quase vinte por cento das sensibilidades políticas nacionais (o peso aproximado dos eleitores BE e PCP) - Cavaco fizera o mínimo que se lhe pedia e até chamara Gaspar.

 

No entanto, as coisas mudaram ligeiramente. Desde então recebeu, os parceiros sociais "subscritores do Acordo Tripartido «Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego»", mas deixou de lado a CGTP.

 

Inventor do sistema económico em que se vive, de radiosos resultados, ao contrário dos antecessores, Cavaco não pretende ser o Presidente de Todos os Portugueses.

 

Nas televisões, o conselheiro Marcelo repete que o drama provocado com o anúncio da subida da Taxa Social Única tem a ver com o modo de comunicação e não com o conteúdo da medida. Entretanto, os portugueses que Cavaco não representa, nem ouve, vão aconselhá-lo esta sexta-feira, no exterior do Palácio de Belém. E é bem provável que o contingente vá aumentado com muitos que votaram nele.

 

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publicado às 08:33

Da moralidade na política

por Tempos Modernos, em 12.01.12

 

António Capucho, há dias, em debate na SIC-Notícias, afirmou que o PS não tinha moralidade para falar das nomeações de Catroga, Braga de Macedo, Teixeira Pinto e Celeste Cardona para a EDP futuramente chinesa.

Em abstracto, António Capucho tem razão. Nunca o PS se coibiu de distribuir cargos e lugares no aparelho de Estado como se o Estado fosse a sua coutada pessoal.

Na prática, não tem razão nenhuma.

O ex-presidente da Câmara Municipal de Cascais e ex-conselheiro de Estado indicado pelo PSD não se limita a fazer uma crítica - legítima - ao PS.

Capucho usa-a para branquear a actuação do seu partido, o PSD, e do parceiro de coligação, o CDS-PP.

 

Agora que toca os seus não vê no caso nada de invulgar ou pouco claro, Então se até são chineses que mandam agora na empresa.

 

Apenas comprova que os partidos escolhem para aconselhar o Presidente da República, senadores mais preocupados com os preciosismos técnico-jurídicos que com a ética e a cidadania.

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publicado às 15:23


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