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Manuela Ferreira Leite e Medina Carreira. Viva o contraditório.
No novíssimo canal de informação, a bruxa, agora transformada em apresentadora, trata por colegas jornalistas da revista do grupo.
Num dos casos até avisa que uma dessas “colegas” terá de passar lá pelo programa para falar sobre um artigo que escreveu.
Bem se sabe que análises de jornalistas, economistas e cartomantes não se distinguem muitas vezes umas das outras, mas a legitimidade do mercado e da procura não justifica amalgamentos entre informação e espectáculo.
Que no grupo que quer(ia) ficar com o serviço público de informação se confunda jornalismo com apresentação diz muito sobre o destino que nos reserva(va)m.
Aristóteles dizia -- eu tenho uma forte vocação citadora -- que todo o ser humano procura saber mais. Faço por isso, e sou igualmente preocupado com o saber dos outros.
Tenho pois, e também, uma forte vocação didática, nem sempre bem compreendida.
Ontem ligou-me uma rapariga. Perguntou-me primeiro com quem estava a falar e disse-me depois que lá no sítio onde trabalhava iam fazer publicidade no órgão de comunicação social com o qual colaboro quase exclusivamente. Disse mais. Queria saber se nós não poderíamos dar um bocado mais de destaque à peça que fizéssemos sobre aquilo que estava a querer promover.
Respondi-lhe que começava mal o discurso. Que é contraproducente acenar com publicidade a um jornalista para escrever sobre algum assunto.
Ela não percebeu. Tive de lhe explicar o código deontológico que a classe segue. Estranhou.
Que já tinha falado com órgãos da concorrência e ninguém levantara objecções.
Das duas uma. Ou as redacções estão cheias de gente que não se deixa abalar por relações públicas sinceramente convencidas de que os critérios editoriais são guiados pela publicidade, ou então mais ninguém se dá ao trabalho de explicar algumas coisinhas que deviam ser de senso comum.
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