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Pelo menos um dos termos da equação da desgraça fez de propósito.
Maçam-se muitas vezes políticos e comentadores da direita portuguesa com acusações de Salazarismo, que 39 anos de democracia já deviam ter feito esquecer certas acusações. Mas depois, há o dia da raça cavaquista, a união nacional de Passos Coelho.
Para os defensores da hipótese benigna, trata-se de gaffes, equívocos de linguagem. Para os adeptos da teoria maligna, o conservador Cavaco e o menino queridíssimo dos liberais portugueses sabem muito bem o que querem dizer.
Não têm faltado por aí jornalistas com responsabilidades directivas defendendo que a boa saúde financeira facilita a liberdade dos jornalistas.
Lembrei-me mais uma vezes deles ao ler Irene Flunser Pimentel em artigo no Jugular onde focava a detenção política durante o Estado Novo.
É que essas afirmações directivas colidem frontalmente com uma lógica que conheço bem, só que com a detenção política substituída pelo desemprego. A justificação dos mandantes é reforçada pela competência, pelo feitio incompatível, pelos custos. Quem convive mal com as diferenças de opinião, de pontos de vista, com quem responde às prepotências das chefias, com a obrigação legal de ter conselhos de redacção esbarra facilmente na coluna vertebral de outros e facilmente encontra bodes expiatórios democraticamente aceitáveis. Ameaça-se várias vezes, há sempre quem se sujeite ao papel de esbirro, e por fim veta-se a entrada na publicação de qualquer trabalho do visado, condenando-o no limite à fome.
Não ver o argueiro no próprio olho pode ser uma prática generalizada no meio jornalístico. Mas isso não desculpa distracções. Muito menos quando os directores têm acesso ao espaço público para fazer valer o que até podem pensar ser a verdade mais verdadeira.
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