Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Outra vez o mar

por Tempos Modernos, em 31.10.12

 

 

(Foto: dinheirovivo.pt)

 

Maria João Rodrigues, que noutra encarnação foi ministra do Trabalho de António Guterres, acaba de sugerir a Júlia Pinheiro que Portugal devia encher a orla marítima com parques eólicos (produzindo e vendendo energia, como terá feito a Dinamarca) e estações de aquicultura para produção de peixe em condições mais próximas das naturais.

 

Para qualquer das coisas necessita de engenheiros e arquitectos navais. Uma percentagem altíssima, são pouco mais de duas centenas e conheço-os a quase todos, está no estrangeiro. Quanto a estaleiros navais, capazes de construir esse tipo de equipamentos, o Executivo aliena-os como se vê com os de Viana do Castelo, unidade industrial tutelada pelo Ministério da Defesa.

 

Já a ministra Assunção Cristas, embora tenha a pasta do Mar, só trata das pescas. Mas como se viu há dias está mais voltada para a importação de equipamentos electrónicos e máquinas marítimas.

 

Em Portugal, anda esta gente toda a falar de mar há não sei quantos anos só que os decisores políticos ainda nem sequer foram capazes de perceber o que é que precisam de ter. Aqui há tempos o Executivo anunciou o lançamento de um sítio na internet onde se pudesse apresentar ideias mas nem isso avança.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 12:54

Nem os professores doutores de Coimbra

por Tempos Modernos, em 23.03.12

 

Entendamo-nos. Não tenho propriamente ponto de vista sobre a bondade dos estaleiros navais (com o Alfeite é diferente) serem públicos ou privados. Já tenho quanto às consequência de uma privatização sobre os trabalhadores.

 

No entanto, pontos de vista como este, de Vital Moreira, mostram a incapacidade de reflexão de boa parte das nossas elites políticas e até universitárias.É que no Governo, actores económicos e jornais não se tem deixado de falar no Mar como sector estratégico.

 

Pronto. Sabe-se que a ideia do Mar enquanto Nokia portuguesa não saiu de cabeças do PS. Sabe-se também que é significativa a distância entre realidade a prática na boca do Governo: Veja-se a criação simbólica de um Ministério do Mar, para no essencial lhe entregar as competência de uma direcção-geral das pescas. Mas haja alguma convergência.

 

Nos jornais, não se dá pela incongruência. Nem um comentário. Leu-se diagonalmente Deleuze, Derrida, Merleau-Ponty, e algo continua a falhar na percepção da realidade, seus símbolos, representações.

 

Apesar do propalado, a aposta no Mar está bem longe de ser uma realidade. Se o fosse haveria quem fizesse algo nesse sentido. O Portugal dos Descobrimentos foi possível graças à intervenção directa e ao investimento da Coroa ou, em fase inicial, de uma entidade para-estatal como a Casa de Viseu, do Infante Dom Henrique, fortemente alimentada por privilégios, monopólios e doações. Não há estratégia nacional sem que se dissemine uma ideia colectiva sobre ela.

 

Quem ler os textos privados do veneziano Cadamosto, provável descobridor de ilhas de Cabo Verde; o relato pessoal de Álvaro Velho, sobre a armada de Vasco da Gama; ou a carta não oficial de Pêro Vaz de Caminha sobre o achamento do Brasil, logo percebe que os autores sabiam bem o que estava em causa. Comércio e expansão da fé cristã. Não são textos saídos dos circuitos oficiais e, todavia, não faltam as frases dando conta de que sabiam bem o que Portugal estava fazendo com a expansão.

 

Foi o mesmo há uns anos quando Scolari mandou pôr bandeiras nacionais nas janelas. Quando até dentro do Governo se navega em rumo contrário ao dos discursos está tudo dito quanto à seriedade com que se encara o Mar como estratégia.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:17

Desígnios nacionais

por Tempos Modernos, em 20.03.12

 

Defeito de formação, nunca percebi como é que a Comissão dos Oceanos que aí andou produzindo um livro para o sector deixou de fora cientistas do único curso português que ensina a construir navios e do único centro onde se faz investigação sobre o sector.

 

Duarte Silva, antigo administrador dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), era aliás o único membro da comissão que percebia de construção. O resto eram juristas, oficiais da armada, biólogos.

 

A invenção de uma Nokia portuguesa passou pois por uma comissão que até poderia discutir assuntos de mar mas incapaz de pensar nos mais óbvios meios tecnológicos de exploração e investigação oceânica: navios e plataformas off-shore.

 

Há dias, a Galp anunciava o interesse em prospectar petróleo na costa alentejana. Quem lhes construirá as plataformas? Assim de repente conheço cinco engenheiros portugueses a trabalhar nesta área, só que na Noruega.

 

Por outro lado, Assunção Cristas é ministra do Mar. Pasta recorrente quando o PSD e o CDS-PP chegam ao Governo. Mas será ministra só no nome e na parte que toca às pescas.

 

Por conta da Empordef, a construção e reparação navais têm estado com Pedro Aguiar Branco, que agora quer privatizar os ENVC.

 

Nada mal vindo dos partidos que defendem o Mar como estratégico para Portugal. Um empresário qualquer que tome conta dos desígnios nacionais.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 13:34


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2014
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2013
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2012
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2011
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D