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Nenhum democrata lê isto e fica descansado. Angela Merkel comporta-se como uma tirana autoritária e prepotente, acolitada pelos cobardes que em todos os governos europeus (no português também, pois claro) lhe aparam sucessivos golpes criminosos e hegemónicos. A facilidade e apetite por esmagar e humilhar dizem muito sobre um carácter.
(Foto: theatlantic.com)
Martin Schaüble, ministro das Finanças alemão e um dos sobredotados que na passada semana inventou o sequestro da banca cipriota, acha que os críticos têm é "inveja" da Alemanha.
Espantoso, um jornal* faz um artigo sobre economistas portugueses que defendem a saída do euro e o último parágrafo é para o contraditório com João Duque e Silva Peneda a dizerem lá aquelas coisas que costumam dizer.
Acho que em toda a vida nunca vi contraditório em artigos sobre economistas que defendam mais austeridade ou a manutenção no euro. Parece que uns são um bando iluminado (vê-se, pelo sarilho em que nos meteram) e os outros uma espécie de lunáticos a pedir caução.
Pode ser que o exemplo frutifique por outras bandas, mas que sei eu de jornalismo?
* Por acaso, é no jornal português que menos alinha com o discurso hegemónico. Há velhos e saudáveis hábitos no jornalismo que apenas os fora do sistema, como o jornal i, mantêm e praticam. Contraditório, pluralismo, etc.
(Foto: rr.sapo.pt)
Tirando o odiado Manuel Maria Carrilho e poucos mais, pelas bandas do PS são poucos os que perceberam o que se tem passado na Europa e no mundo nos últimos anos.
Com aquele tom e firmeza que o tornam notado, António José Seguro tem apesar de tudo dito uma ou outra coisa que poderia fazer sentido e no entanto não parece descolar nas intenções de voto. A circunstância de serem já bem conhecidas as diferenças entre o PS de Governo e o PS de Oposição até poderiam explicar a coisa, mas os motivos são outros. Entre os eleitores ninguém imagina Seguro como primeiro-ministro. Nem mesmo que já se tenha avistado Pedro Silva Pereira na comitiva do secretário-geral. Nem mesmo que à porta-fechada se fale em moções de censura.
Na oposição interna, António Costa, Augusto Santos Silva e Francisco Assis tentam levantar a cabeça, mas por essas bandas - a direita do PS - a percepção dos dias que correm ainda é mais difusa. Contarão espingardas, fazem contabilidade e gerem lugares a distribuir. Manuel Alegre, cuja capacidade de análise é mais fraca que o instinto, disse há dias que Assis, por exemplo, "não percebeu nada de nada".
Daniel Bessa, que é independente, foi ministro de Guterres e tem a seu favor ter fechado os hipers aos domingos, sugeriu que o país vai tão mal que o PS deveria integrar o Governo alargando a maioria que o sustenta. Desejos de quem viu parte da luz e ainda acredita que é possível salvar a sua parte no navio que se afunda. Pessoalmente, talvez se safe, mas o rombo não permite sequer que o barco consiga boiar.
Quatro parágrafos para chegar a Pedro Nuno Santos, um dos ex-dirigentes da JS (que de quando em vez vai dizendo coisas com sentido. Hoje no jornal i percebeu finalmente que "[e]stamos em guerra". Que "Portugal deve fazer pressão pública, promover ativamente alianças com outros países, aproveitar a energia dos protestos dos portugueses como instrumento de pressão negocial e, em última análise, rejeitar mesmo a aceitação de condições de ajustamento suicidas".
Contraditório é que numa altura em que sectores do PS parecem ter começado a perceber o que está em causa na Europa, no euro e no país que nos últimos quase 30 anos ajudaram a construir, se lembrem de recorrer a Jorge Coelho para apoiar em Viseu uma candidatura autárquica. O antigo ministro de Guterres é uma figura pessoalmente simpática, mas não tem condições para, em concomitância, continuar a ocupar espaço empresarial e espaço político.
Em nome de que racionalidade e grande desígnio nacional se mantém a divergência económica de um país, o seu empobrecimento e o da população durante uma geração inteira?
João Marcelino sabe reconhecer argumentos politicos quando os vê, mesmo que um dos órgãos de comunicação que dirigiu tivesse organizado um debate semanal entre Santana Lopes e Sócrates no alto de um hotel de Lisboa. Depois disso, passaram os dois pela chefia do Governo. Com o saudado resultado que se conhece.
Escrever que existe "um problema à esquerda" e que bloquistas e comunistas "nunca conseguir[a]m apresentar uma alternativa para o financiamento do País" é um ponto de vista. Só que não é verdade que os dois partidos não tenham apresentado alternativas. Que o director do Diário de Notícias não as aprecie, é outra questão. Mesmo que algumas delas intersectem os pontos de vista do Nobel Krugman, um liberal, ou de João Ferreira do Amaral, antigo conselheiro económico dos europeístas Mário Soares e Jorge Sampaio, ou até, de certa maneira, de Manuel Maria Carrilho, e haja cada vez mais gente a defender a saída da moeda única.
O que João Marcelino escreve hoje não passa do lugar-comum em muitas chefias de jornal distraídas. Gente que antes de aqui termos chegado viu o futuro de Portugal em figuras como Santana Lopes e José Sócrates.
(Foto: sol.sapo.pt)
Ataque à economia por ataque à economia, talvez os parlamentares que sustentam a maioria governamental devessem evitar atirar pedras aos grevistas.
É que os números da recessão provam à saciedade como o Executivo tem telhados de vidro neste campo.
Na feliz expressão de Ana Sá Lopes, Portas tenta "convencer-nos de que fuma «troika», mas não inala".
É o salto em frente que mais do que fragiliza a coligação em dia de enormíssima manifestação. Portas é aquele fulano que fica sempre bem na fotografia e há sempre quem se preste a ajeitar-lhe o cabelo e a sacudir-lhe o pó do blazer.
*Título roubado a Lawrence Durrel, num dos seus volumes dedicado às cenas da vida diplomática (e afinal o que é que está fazendo o ministro dos Negócios Estrangeiros?)
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