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Os abutres

por Tempos Modernos, em 22.04.17

morte de uma pessoa por atropelamento no contexto de um confronto entre adeptos de futebol junto ao estádio da Luz tem vários cúmplices morais.

Entre eles contam-se vários directores, editores, jornalistas e canais de televisão. Não só semeiam as tempestades como depois lucram com elas.

Cúmplices são também, pelo menos, um presidente de clube, alguns assessores de imprensa clubísticos e vários comentadores afectos a clubes de futebol. 

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publicado às 17:06

Critérios e singularidades estatísticas

por Tempos Modernos, em 01.01.17

O Futebol Clube do Porto queixa-se de lhe terem sonegado mais de uma dezena de penáltis esta temporada. Ainda hoje, um futebolista, Felipe, defende na primeira página do jornal O Jogo que "os árbitros têm de ter mais cuidado".

 

De acordo, mas há um problema. Da última vez que reparei eram doze penáltis por marcar a favor da equipa, quase tantos quantas as jornadas já jogadas. Não quer dizer que não aconteça, mas quer-me parecer que, no mínimo, constituirá uma apreciável singularidade estatística. Quantas equipas haverá em todo o mundo que marquem um penálti por jogo?

 

Por outro lado, no jogo do Benfica com o Paços de Ferreira para a Taça da Liga, que os encarnados venceram pela margem mínima, já perto do fim, num canal televisivo, Fernando Mendes, ex-futebolista afecto ao Sporting, a comentar o jogo em directo, considerou que talvez tivessem perdoado um penálti cometido por Jardel, um dos defesas centrais benfiquista.

 

Na confusão, não se percebeu, eu pelo menos não percebi, qual a opinião do árbitro em estúdio, e nem sequer a dos outros comentadores. A seguir, noutro canal, Manuel Queirós, jornalista portista, vincou ter faltado assinalar um penálti contra o Benfica nesse jogo.

 

Não dei pela jogada em nenhum dos resumos que vi da partida. Das duas uma, ou não foi assim uma jogada tão polémica quanto pareceu aos dois comentadores adeptos - caso a falta fosse marcada e concretizada empataria o jogo -  ou então foi deliberadamente omitida. Admito que possa ter passado nalgum outro canal que não vi.

 

Mas o que vi, entretanto, foi um resumo do empate do FC Porto com o Feirense. E aí houve uma jogada deliberadamente omitida. A de um hipotético erro, um penálti perdoado, que poderia ter conduzido à derrota da equipa do Porto.

 

Mas não sem que sem antes, em voz off se assinalasse um penálti por marcar quando um remate de Herrera fez a bola tocar na mão de um defesa do Feirense deitado por terra dentro da grande área. 

 

Confesso que, desde Abel Xavier, tenho alguma dificuldade em distinguir uma mão na bola de uma bola na mão. E nem sei o que diz a regra.

 

Todavia, pouco depois, uma bola chutada por um pacense, tocou na mão de Boly, defesa central do Porto, também dentro da área. E o Paços de Ferreira reclamou grande penalidade.

 

No resumo do canal televisivo em causa, o repórter vincara a falta de marcação de um penálti a favor do FC do Porto no lance com Herrera. Mas agora esquecia-se de referir o lance de Boly. Critérios.

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publicado às 12:07

Civilidade e bom-trato

por Tempos Modernos, em 12.12.16

Depois da avalanche de insultos dirigidos por Jorge Jesus a Rui Vitória na época passada, foi ontem, finalmente, possível, e apesar das queixas manifestadas com a arbitragem, ver o treinador sportinguista tratar o adversário de modo urbano e civilizado.

 

Também em Play-off, programa de debate futebolístico, da SIC Notícias, regressou Manuel Fernandes para substituir Inácio, o que constituirá uma assinalável obra de asseio e higiene. O ex-jogador do Futebol Clube do Porto e do Sporting tornara o programa absolutamente infrequentável.

 

Antes dele, com Manuel Fernandes, discutia-se futebol. Com Inácio aquilo tornou-se um palco de má educação, insultos, e sectarismo - um estilo que deve muito ao do norte futebolístico dos anos 1980 e 1990.

 

E o moderador bem merece esta mudança.

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publicado às 13:01

Falta de espelhos

por Tempos Modernos, em 20.10.16

Na semana passada, o dia-a-dia do comentário desportivo nacional incendiou-se na sequência de declarações de André Ventura, comentador benfiquista da CM TV acerca de Assembleia Geral do Sporting. Não foram dias gloriosos para gente civilizada.

 

Rui Santos na SIC Notícias queixou-se da qualidade dos discursos dos comentadores desportivos. Uma coisa que também interessa a algumas televisões, acusou. É bonito, mas não deve ter espelho em casa.

 

O canal de Pinto Balsemão foi o criador do modelo com o insuportável Donos da Bola. Se outros canais, oferecem José Eduardo, Manuel Serrão, André Ventura e Pedro Guerra - modelos a evitar cuidadosamente -, já a SIC Notícias tem Rui Gomes da Silva e principalmente Inácio – o mais fosforescente dos comentadores desportivos nacionais, num painel a que pertence o próprio Rui Santos.

 

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publicado às 14:56

Entre o espectáculo e a informação

por Tempos Modernos, em 14.10.16

Há dias, num programa de debate futebolístico, o jornalista e comentador desportivo António Tadeia queixava-se da paragem dos jogos do campeonato nacional que o levava a estar 20 minutos a falar de relvados artificiais. Em causa estava o estádio onde a selecção de futebol portuguesa jogaria com as Ilhas Faroé.

 

Pouco depois, no Diário de Notícias, voltou à carga. Quer saber

 

"a quem aproveita esta interrupção no calendário competitivo dos clubes europeus para que se joguem os desafios de qualificação para o Mundial de futebol? Quer a verdade? A ninguém. Perdem os clubes, perdem as sele[c]ções, perdem os adeptos e perdem os meios de comunicação, que também são parte importante na mobilização de gente para o espe[c]táculo."

 

De acordo com Tadeia, o que interessa aos espectadores é falar do jogo e isso não acontece apenas com jogos da selecção. Lá terá as suas razões, mas sinceramente enquanto espectador fiquei a saber coisas coisas acerca de relvados artificiais que explicam parte do percurso da selecção portuguesa de futebol no Euro que acabaria por vencer. E também do percurso da selecção islandesa, um habitual bando de coxos, saco de pancada do futebol europeu, que, desta feita, acabou por chegar aos quartos-de-final da competição.

 

De há uns anos para cá, os islandeses, que por causa das condições atmosfericas apenas conseguiam jogar à bola um par de meses por ano, terão começado a construir grandes pavilhões municipais com relvados artificiais. Deste modo, os futebolistas daquele país inóspito começaram a poder treinar o ano inteiro. Ou seja, nas vésperas do último europeu, os jornalistas desportivos não informaram os espectadores portugueses de que a sua selecção de futebol ia jogar com uma equipa que tinha mudado drasticamente os hábitos de treino.

 

Ou seja, os jornalistas que acham  que conversa acerca de relvados artificiais não interessa a ninguém, não repararam que os relvados artificiais contribuiram para um amargo de boca de que a selecção portuguesa não estava à espera e que lhe podia ter custado caro. E nem a selecção à espera, nem os espectadores das dezenas de horas de debate futebolístico das televisões. Apetecia dizer aqui qualquer coisa acerca da função constitucional do jornalismo. Mas o texto de Tadeia é mais acerca de espectáculo e de como o servir, que acerca de jornalismo e de como servir a informação.

 

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publicado às 20:58

Do rigor jornalístico

por Tempos Modernos, em 01.09.16

Pelas 18h10 de ontem, várias publicações davam como certa a contratação de Rafa, campeão europeu e jogador do SC Braga, pelo SL Benfica.

 

No dia anterior, várias publicações desportivas diziam que a contratação do futebolista pelo Sporting CP era uma possibilidade. Esta aquisição potencial culminaria o par de semanas de impasse que se seguiram ao primeiro anúncio da sua contratação pelo Benfica e ao contra-vapor feito, entretanto, devido a exigências do empresário do jogador.

 

Ontem, entre as 18h10 e as 18h30, pelo menos O Jogo, A Bola e a TVI 24 anunciaram a contratação de Rafa pelo Benfica. Às 23h30 quando por acaso voltei a zapar entre canais, Rafa voltara a estar em dúvida no plantel encarnado. Estas e outras passos-falsos deviam levar os jornalistas a ponderar melhor a credibilidade e real valia das suas fontes.

 

Nas vésperas do fecho do mercado de contratações futebolísticas, a que audiências interessará a notícia de que um clube rival planeia adquirir um jogador que já fora dado como certo num clube rival? Que consequências decorrem das manchetes de 180 graus, dadas no mesmo dia, pel'A Bola e pelo Record, cada uma delas garantindo o mesmo jogador em simultâneo em dois clubes diferentes?

 

Andar informado obriga a acompanhar as correntes noticiosas. Obriga a perceber aquilo que é publicado pelos jornais, mas também a olhar para o quando é que essa notícia foi dada.

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publicado às 10:10

A Bola de hoje tem como manchete "Rafa mais perto do FC Porto". Já o Record tem como manchete "Rafa mais perto do Benfica".

 

Quem se trama é o leitor, que fica por informar com as notícias divergentes dadas pelos dois jornais. Mas quem ganha com estas manchetes? Os clubes de destino, o Sporting Clube de Braga, o jogador, o empresário do jogador?

 

Uma questão é obvia. Ao mostrar rivalidades de dois clubes na corrida pelo mesmo jogador, melhoram-lhe o preço.

 

O caso das viagens pagas pela Galp também traz dividendos divergentes. Se serve à oposição, também serviu à petrolífera pois fragiliza um contendor no diferendo fiscal com o Estado.

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publicado às 11:42

Maus prenúncios desportivos

por Tempos Modernos, em 03.08.16

Ainda o campeonato de futebol não começou e já comentadores clubísticos aquecem os motores com conversa poluidora

 

Uns atacam o Sporting por causa da contratação de um miúdo de 15 anos, filho de Fontelas Gomes, o novo presidente do conselho de arbitragem.

 

Outros o Benfica, cuja fundação alegam ter dado bolsas a árbitros em formação.

 

Se jornalistas alimentam e lucram com estes ataques, que ocupam antena nas estações e canais televisivos, já se esquecem demasiadas vezes de aprofundar e investigar as acusações.

 

Ficam as citações dos comentadores a abrir jornais desportivos e a alimentar audiências. Como se os mandadores de bocas fossem fontes ou se o que dizem tivesse valor noticioso só por si.

 

 

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publicado às 11:15

Desvituar critérios editoriais

por Tempos Modernos, em 01.08.16

Estas declarações de Augusto Inácio eram um bom pretexto para pôr fim à sua colaboração no Play-Off.  O programa da SIC-Notícias surgiu como espaço informativo, onde o futebol era explicado por antigos profissionais. Apesar das ligações clubísticas dos comentadores, aquilo não era um formato de entretenimento com adeptos engajados.

 

Ninguém deixava de reconhecer erros e defeitos da própria equipa ou de elogiar as qualidades das dos outros. E, aliás, os antigos jogadores António Simões e Manuel Fernandes explicaram estes critérios a Rodolfo Reis quando o antigo capitão portista chegou ao programa para substituir António Oliveira

 

Com Inácio tudo mudou. O seu discurso é uma mera repetição dos jogos mentais saídos de Alvalade e elo da correia transmissora de uma estratégia comunicacional. Se Inácio está ali "para servir o Sporting" em vez de servir a informação acerca do Futebol, seria melhor que se juntasse a um programa com parceiros como Pedro Guerra ou Manuel Serrão. Há quem aprecie esses ambientes,

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publicado às 13:06

Augusto Inácio anunciou ter posto fim à relação contratual com o Sporting, diz ele que para impedir que o clube viesse a ser multado pela Liga de Futebol Profissional.

 

É pena. Seria melhor que o antigo futebolista pusesse antes fim à sua participação em programas de comentário futebolístico onde não acrescenta nada à inteligência.Trouxe uma agenda descarada que vai muito mais longe que a paixão clubística e comporta-se com um sectarismo lamentável.

 

Há dias, já o campeonato se encerrara há varias semanas, João Alves, o comentador da banda benfiquista, trouxe camisolas da equipa que iria treinar para oferecer aos seus companheiros de programa. Inácio perguntou logo se se vinham com oferta de jantares, piada à queixa contra o Benfica apresentada pelo Sporting por causa da oferta de vouchers aos árbitros que apitavam desafios com o clube da Luz.

 

Só que a camisola oferecida por Alves fazia parte do equipamento da equipa criada pelo Sindicato dos Futebolistas para manter treinados os jogadores profissionais que estejam no desemprego. Um modo de lhes manter a forma física enquanto não encontram colocação. O antigo jogador do Futebol Clube do Porto e do Sporting teve azar com a gracinha, pois a ideia é meritória e interessante. E embora a piadola tenha ricocheteado maculou à mesma a oferta do Luvas Pretas.

 

No ano em que participou no painel de comentário do Play-off, Inácio conseguiu dar cabo do único programa de debate futebolístico de grande audiência que tinha gente de futebol a olhar para o futebol do ponto de vista do jogo, fossem quem fossem os protagonistas em campo. E arrastou consigo, em menor medida, Rodolfo Reis, que chegara a conseguir adaptar-se aquela linha editorial distanciada do achismo e da cegueira sectária e boçal dos adeptos.

 

O antecessor de Augusto Inácio no painel, Manuel Fernandes, bem como António Oliveira, que foi representante do Futebol Clube do Porto, eram capazes de um distanciamento profissional que os seus sucessores se encarregaram de destruir. É pena. Espectadores e moderador merecem o tipo de programa que Play-off já foi. Para o que ali está, mais vale trocar o pouco truculento João Alves por Pedro Guerra ou outro do género.

 

 

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publicado às 10:00


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