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O Futebol Clube do Porto queixa-se de lhe terem sonegado mais de uma dezena de penáltis esta temporada. Ainda hoje, um futebolista, Felipe, defende na primeira página do jornal O Jogo que "os árbitros têm de ter mais cuidado".
De acordo, mas há um problema. Da última vez que reparei eram doze penáltis por marcar a favor da equipa, quase tantos quantas as jornadas já jogadas. Não quer dizer que não aconteça, mas quer-me parecer que, no mínimo, constituirá uma apreciável singularidade estatística. Quantas equipas haverá em todo o mundo que marquem um penálti por jogo?
Por outro lado, no jogo do Benfica com o Paços de Ferreira para a Taça da Liga, que os encarnados venceram pela margem mínima, já perto do fim, num canal televisivo, Fernando Mendes, ex-futebolista afecto ao Sporting, a comentar o jogo em directo, considerou que talvez tivessem perdoado um penálti cometido por Jardel, um dos defesas centrais benfiquista.
Na confusão, não se percebeu, eu pelo menos não percebi, qual a opinião do árbitro em estúdio, e nem sequer a dos outros comentadores. A seguir, noutro canal, Manuel Queirós, jornalista portista, vincou ter faltado assinalar um penálti contra o Benfica nesse jogo.
Não dei pela jogada em nenhum dos resumos que vi da partida. Das duas uma, ou não foi assim uma jogada tão polémica quanto pareceu aos dois comentadores adeptos - caso a falta fosse marcada e concretizada empataria o jogo - ou então foi deliberadamente omitida. Admito que possa ter passado nalgum outro canal que não vi.
Mas o que vi, entretanto, foi um resumo do empate do FC Porto com o Feirense. E aí houve uma jogada deliberadamente omitida. A de um hipotético erro, um penálti perdoado, que poderia ter conduzido à derrota da equipa do Porto.
Mas não sem que sem antes, em voz off se assinalasse um penálti por marcar quando um remate de Herrera fez a bola tocar na mão de um defesa do Feirense deitado por terra dentro da grande área.
Confesso que, desde Abel Xavier, tenho alguma dificuldade em distinguir uma mão na bola de uma bola na mão. E nem sei o que diz a regra.
Todavia, pouco depois, uma bola chutada por um pacense, tocou na mão de Boly, defesa central do Porto, também dentro da área. E o Paços de Ferreira reclamou grande penalidade.
No resumo do canal televisivo em causa, o repórter vincara a falta de marcação de um penálti a favor do FC do Porto no lance com Herrera. Mas agora esquecia-se de referir o lance de Boly. Critérios.
A Bola de hoje tem como manchete "Rafa mais perto do FC Porto". Já o Record tem como manchete "Rafa mais perto do Benfica".
Quem se trama é o leitor, que fica por informar com as notícias divergentes dadas pelos dois jornais. Mas quem ganha com estas manchetes? Os clubes de destino, o Sporting Clube de Braga, o jogador, o empresário do jogador?
Uma questão é obvia. Ao mostrar rivalidades de dois clubes na corrida pelo mesmo jogador, melhoram-lhe o preço.
O caso das viagens pagas pela Galp também traz dividendos divergentes. Se serve à oposição, também serviu à petrolífera pois fragiliza um contendor no diferendo fiscal com o Estado.
Augusto Inácio anunciou ter posto fim à relação contratual com o Sporting, diz ele que para impedir que o clube viesse a ser multado pela Liga de Futebol Profissional.
É pena. Seria melhor que o antigo futebolista pusesse antes fim à sua participação em programas de comentário futebolístico onde não acrescenta nada à inteligência.Trouxe uma agenda descarada que vai muito mais longe que a paixão clubística e comporta-se com um sectarismo lamentável.
Há dias, já o campeonato se encerrara há varias semanas, João Alves, o comentador da banda benfiquista, trouxe camisolas da equipa que iria treinar para oferecer aos seus companheiros de programa. Inácio perguntou logo se se vinham com oferta de jantares, piada à queixa contra o Benfica apresentada pelo Sporting por causa da oferta de vouchers aos árbitros que apitavam desafios com o clube da Luz.
Só que a camisola oferecida por Alves fazia parte do equipamento da equipa criada pelo Sindicato dos Futebolistas para manter treinados os jogadores profissionais que estejam no desemprego. Um modo de lhes manter a forma física enquanto não encontram colocação. O antigo jogador do Futebol Clube do Porto e do Sporting teve azar com a gracinha, pois a ideia é meritória e interessante. E embora a piadola tenha ricocheteado maculou à mesma a oferta do Luvas Pretas.
No ano em que participou no painel de comentário do Play-off, Inácio conseguiu dar cabo do único programa de debate futebolístico de grande audiência que tinha gente de futebol a olhar para o futebol do ponto de vista do jogo, fossem quem fossem os protagonistas em campo. E arrastou consigo, em menor medida, Rodolfo Reis, que chegara a conseguir adaptar-se aquela linha editorial distanciada do achismo e da cegueira sectária e boçal dos adeptos.
O antecessor de Augusto Inácio no painel, Manuel Fernandes, bem como António Oliveira, que foi representante do Futebol Clube do Porto, eram capazes de um distanciamento profissional que os seus sucessores se encarregaram de destruir. É pena. Espectadores e moderador merecem o tipo de programa que Play-off já foi. Para o que ali está, mais vale trocar o pouco truculento João Alves por Pedro Guerra ou outro do género.
Nesta época futelolística foram recuperados métodos e estilos de comunicação de má memória usados nos anos 1980 e nos anos 1990, diz um jornalista comentador .
E continua. Diz que esses métodos foram recuperados por A e por B, e até trouxeram protagonistas C e D do clube que usava esses métodos e estilos.
Mais uma vez a ilusão de imparcialidade jornalística. Evita concretizar o que diz quando o que lhe compete enquanto jornalista é ser curto, claro e conciso. A opinião negativa que tem e justifica com dados não é ofensiva. O que ofende é misturar tudo, como se fosse tudo igual. Ao querer mostrar-se imparcial, torna-se parcial pois protege os que acusa e enlameia os que não quis meter no mesmo molho.
Se os encarnados não estão agora a celebrar a conquista do pentacampeonato também têm bastante a agradecer a Jorge Jesus.
Se o Sporting não está hoje a comemorar a conquista de um campeonato nacional de futebol, pode agradecê-lo a Jorge Jesus.
À frente do Benfica, o treinador permitiu que a equipa claudicasse duas vezes, em 2012 e 2013, quando levava já a temporada bem lançada, perdendo pontos cruciais e deixando-se ultrapassar na recta final pelo Futebol Clube do Porto de Vítor Pereira. À frente do Sporting fez o mesmo, quando a equipa tinha garantido já um avanço de sete pontos sobre o perseguidor.
Nunca liguei, nem ligo, grande coisa a futebol e menos ainda às arbitragens. Se um clube limpava quase tudo durante 30 anos, nunca me pareceu que a hegemonia se devesse apenas às circunstâncias averiguadas no processo Apito Dourado.
No jogo inaugural do último mundial brasileiro, o primeiro golo, ilegal, foi para a Espanha. A Holanda respondeu-lhes com cinco golos. Não houve árbitro que valesse aos campeões do mundo em título.
A fazer fé no grosso de comentadores do futebol, jogou-se ontem a enésima jornada desta 1ª Liga em que o Benfica foi ajudado pelo árbitro. Não fossem estes e tenho impressão que a minha equipa se arriscava a disputar os lugares da despromoção. Lendo as crónicas e ouvindo as televisões, não me recordo da última vez em que não houve zarolhice ou premeditação dos juízes a favor do clube da Luz ou contra os seus adversários.
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