Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Apesar dos estudos, no país vai-se fazendo o caminho inverso.
É impressão minha ou os meus colegas jornalistas nem sequer têm falado da manifestação de dia 19 de Março?
Nunca percebi muito bem as agendas. Isso deve explicar alguma coisa. Como não frequentei a cadeira de Agenda Noticiosa fiquei prejudicado.
Talvez a tente fazer numa nova oportunidade.
O Governo, apoiado pela UGT (claro) e confederações patronais, pretende baixar os valores das indemnizações por despedimento.
Segundo os cálculos, por ano, os patrões poderão poupar 2270 milhões de euros naquilo a que, em novilíngua, chamam reconversões.
Será talvez uma boa notícia para quem acredita que em Portugal se contrata mesmo pela competência. Para quem acredita que os patrões só querem poder pôr a andar os incompetentes.
Na prática, será abrir mais campo à selva, num país que não precisa de mais desempregados nem de tirar força a quem já quase não tem nenhuma.
É o velho desiderato de partir a espinha aos trabalhadores, levado a cabo pelo PS e pela central sindical de confiança.
Da confiança deles, claro.
Olha que ideia interessante.
Depois de termos embarcado em tudo que foi ideia de construção europeia valia a pena ver o que diziamos agora.
Antes nunca nos explicaram ao que se ia. Fomos massacrados com as profissões de fé das teresas de sousa deste mundo e com a inevitabilidade do caminho.
Estamos em andamento rumo ao abismo, mas valia a pena começar a pensar.
Não se tem de ser carneiro a vida toda e deixar que os outros tratem de nós, pois não?
É escassa novidade que sacrificamos ao mercado.
Fazemo-lo desde que Guterres anunciou o pântano e Durão Barroso nos despiu com a tanga.
Vive-se um ambiente de expiação. Os novos dominicanos gritam que folgámos e bebemos. Dos actos de contrição não nos safamos. Da penitência tambem não.
Foi assim quando o terramoto de Lisboa de 1755 destruiu a capital e o sul do país. A culpa era nossa. Pombal calou os da ladainha e fez o que tinha a fazer.
Não há ameaça de catástrofe que agora não nos vendam com as agências de rating, as que falharam e que forçaram todos - menos os bancos - a pagar a crise: Ai, que se falas; ai, que se censuras; ai, que se te manifestas; ai, se fazes cair o Governo; ai, que se vais ao festival da eurovisão...
Mas os abutres e vampiros vão encontrando nova carne.
O Japão cheira a carniça e a Banca já nem se dá ao trabalho de voltejar em redor. Aterrou para devorar os mortos por enterrar e os vivos por cuidar.
O Governo de Sócrates não se aguentará muito mais tempo. Os mesmos jornais que em início de mandato gabaram o carácter autoritário do primeiro-ministro (chamaram-lhe capacidade de realização) assobiam já para o lado. Agora quase ninguém se lembra de ter elogiado o homem. Já ninguém andou com ele ao colo.
Pelo sim, pelo não, pachecos pereiras, marcelos e outros comentadores alinhados anunciam um executivo de salvação nacional que chegará em manhã de nevoeiro
Talvez venha liderado por Guilherme de Oliveira Martins, ouviu-se ontem Santana Lopes dizer na TVI. Talvez o primeiro-ministro venha a ser o vencedor destas próximas legislativas (Sócrates ou Passos Coelho).
O CDS pode ou não entrar na coisa, dizem os comentadores do estado a que chegámos. Deverá depender da boa disposição e magnanimidade dos dois partidos mais velhos para distribuirem as sobras do festim.
Era clarificador que o BE e o PCP anunciassem estar dispostos à união para formar Governo, indo primeiro separados às eleições.
Um pré-acordo de carácter governamental seria mais um dado a ter em conta no grande jogo.
Nenhum dos dois partidos é responsável pela crise e talvez ganhassem com o anúncio de estarem dispostos a meter a mão na acção executiva.
Pedem-nos para os Censos 2011 que respondamos sobre o modo como exercemos a nossa profissão.
Quem for falso recibo verde deverá indicar que trabalha por contra de outrem. No fundo, agregam modalidades de se ser trabalhador precário, preferindo o domingueiro retrato risonho ao retrato de conjunto da população.
Como jornalista tenho de perceber a intenção desta pergunta e informar.
Como ex-dirigente académico, que promoveu e acompanhou elaboração de estudos, combati tendências de responsáveis para interpretar e martelar os estudos conforme casuisticamente lhes dava jeito. Como formado em engenharia, percebo que um questionários tenha de ser prático mas também sei manipular números.
Como aprendiz de historiador sei que os que vierem depois de nós irão lamentar que estes dados não tenham sido desagregados
Como cidadão é meu dever lutar para que se substituam os questionários e se não o fizerem não responder à questão e fazer tudo para que ela seja boicotada.
Gostava de ver como reagiriam se todos os manifestantes de dia 12 de Março resolvessem agir. Será que seríamos multados?
Não vi a cobertura que as televisões fizeram da manifestação da geração à rasca. Também lá estive, embora muitos comentadores tivessem tentado fazer da coisa uma cena under thirty.
O ubíquo publicista Pacheco Pereira acha espantoso que a comunicação social tenha coberto a manifestação em "directo" e sem "qualquer critério mínimo de qualidade profissional". Imagino que voltará ao tema no seu programa da SIC, mais um dos muitos espaços que lhe deram para empunhar a agenda do PSD.
Pacheco Pereira sabe do que fala. É um ilustre conhecedor do meio jornalístico. Não andava ele pelo Parlamento quando, na primeira temporada do poder cavaquista, se quis forçar os jornalistas parlamentares a usarem gravata? João Mesquita, que tive a honra e o privilégio de conhecer, liderava o sindicato da classe e pôs travão à ideia.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.