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Nenhum dos resultados eleitorais de ontem reforçou a liberdade ou a democracia. Nem a vitória de Marine Le Pen, nem a derrota de Nicolás Maduro.
José Manuel Fernandes diz na RTP3 que o acordo das esquerdas "não é entusiasmante".
Percebe-se o enfado. Na juventude estróina do PREC andou ligado a bandos esquerdistas que a direita bombista e a maioria silenciosa combateram. Depois, no jornalismo, pôs gravata, mas não amansou. O hoje neo-con anda legatário da boa gente do Tea Party, ligado a malta do Compromisso Portugal.
No passado recente, com o pretexto das armas de destruição maciça, esteve com as bombas sobre o Iraque, decididas também por Durão Barroso e Paulo Portas. As mesmas bombas que Blair, outro cúmplice, admite terem produzido o Estado Islâmico. Pouco depois, clamando sempre pela Liberdade de Imprensa, andou misturado no caso das escutas de Belém (aqui e aqui) - a despropósito, lembre-se como na amada América, Watergate levou à queda de um presidente republicano.
Habituado a partir para a guerra, entende-se que medidas contra a precariedade, o empobrecimento, pelo aumento do salário mínimo, pareçam a Fernandes tão demagógicas quanto sensaboronas.
Se se emprenhasse um bocadinho menos de ouvido, escreviam-se menos asneiras nos jornais sobre países como a Coreia do Norte.
Há tempos, foi a história do tio do Querido Líder entregue aos cães para ser devorado vivo, agora a obrigatoriedade de se usar o penteado de Kim Jong-un.
Em boa parte das secções internacionais portuguesas, nem sequer escaldados por sucessivos desmentidos de boatos, pela inexistência total de fontes credíveis sobre a ditadura norte-coreana, pelo desconhecimento da língua se pára de publicar sem cuidado e se começa a parar para pensar (aqui, aqui, aqui, aqui).
Felizmente, existe quem faça o trabalho de casa jornalístico, como estes brasileiros ou estes suspeitos norte-americanos, a que cheguei por aqui.
Depois de morrer, Hitler pediu a São Pedro que o deixasse regressar à terra por algum tempo.
- Para quê?, questionou o santo.
- Ainda queria matar um milhão de judeus e um sueco, respondeu-lhe o líder nazi.
- Um sueco?, ripostou espantado São Pedro.
- Vês? Com os judeus ninguém se preocupa.
(Foto: voxxi.com)
Morreu o "ditador" inventado pela comunicação social. Nas vésperas do golpe de Estado de 2002, que o derrubou durante escassas horas, a imprensa local retransmitida acriticamente para o mundo mostrava "o povo venezuelano na rua contestando Chávez". As imagens mostravam gente buzinando ao volante de mercedes e mulheres louras batendo tampas de panelas, sinais de riqueza e aspectos físicos demasiado exóticos para um povo sul-americano.
Numa sociedade que sempre viveu do petróleo, e que só com Chávez melhorou as condições de vida de um exército de deserdados analfabetos, lembram-se as vitórias, mas esquecem-se as derrotas eleitorais do peculiar "ditador", sempre demonizado pelos comentadores de plantão e pelo pessoal que emprenha de ouvido com as primeiras páginas do ultramontano ABC, dos jornais norte-americanos, e também do sério El País.
Há um momento em que tudo se deslassa.
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