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Quem os topa é a Standard & Poor's.
Depois do acidente nuclear no Japão, Angela Merkl deu instruções para suspenderem a actividade de vários reactores nucleares alemães.
Atendendo ao tipo de material e equipamento em causa, o expectável era que os reactores funcionassem em boas condições e estivessem submetidos a todas as inspecções exigíveis.
Das duas uma: Ou não estavam, o que vindo de um alemão se estranha, ou estavam, mas nunca fiando.
Se nem os alemães se fiam nas suas verificações de segurança, será que se pode confiar na bondade do negócio que estes senhores defendem?
É escassa novidade que sacrificamos ao mercado.
Fazemo-lo desde que Guterres anunciou o pântano e Durão Barroso nos despiu com a tanga.
Vive-se um ambiente de expiação. Os novos dominicanos gritam que folgámos e bebemos. Dos actos de contrição não nos safamos. Da penitência tambem não.
Foi assim quando o terramoto de Lisboa de 1755 destruiu a capital e o sul do país. A culpa era nossa. Pombal calou os da ladainha e fez o que tinha a fazer.
Não há ameaça de catástrofe que agora não nos vendam com as agências de rating, as que falharam e que forçaram todos - menos os bancos - a pagar a crise: Ai, que se falas; ai, que se censuras; ai, que se te manifestas; ai, se fazes cair o Governo; ai, que se vais ao festival da eurovisão...
Mas os abutres e vampiros vão encontrando nova carne.
O Japão cheira a carniça e a Banca já nem se dá ao trabalho de voltejar em redor. Aterrou para devorar os mortos por enterrar e os vivos por cuidar.
Nem de propósito, Mira Amaral assina hoje no Público um artigo onde fala de energias renováveis e sustentabilidade.
O ex-ministro cavaquista - que tem uma pensão de 18 mil euros obtida de uma forma que só o seu elevado mérito justificará - não fala uma única vez da energia nuclear, a cujo lobby pertence.
Mais uma vez, puxa dos galões do Técnico - uma forma de se legitimar - esquecendo que o seu ex-"brilhante aluno" Carlos Pimenta não é o único engenheiro nem docente daquela casa que ataca a opção nuclear. Persiste em indicar uma ligação como docente que desconheço dos anos que lá passei, e que foram muitos. Acena o currículo também com o objectivo de humilhar o socialista Carlos Zorrinho.
Ignoro se o texto de Mira Amaral terá sido podado de referência à sua menina dos olhos nuclear.
Há dias de sorte, eu sei. Mas no dia em que o diário publica o artigo do ilustre engenheiro a atacar as renováveis, titula também em 1ª página que "depois da devastação do sismo Japão enfrenta o pior desastre nuclear desde Chernobil". E dedica três páginas à coisa.
No Japão, a coisa agrava-se.
...Mas juro que num noticário português da hora de almoço se acabou de dizer que o Japão foi atingido por uma tragédia sem precedentes, referindo-se ao terremoto e maremoto que provocaram mais de 1000 mortos.
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