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Sempre que ouço ou leio Duarte Marques sinto-me confrontado com o princípio de que não se deve bater nos mais fracos. Mesmo sabendo que o homem é deputado e ex-presidente da juventude partidária do seu partido, o discurso é de tal ordem que um tipo sente-se tentado à clemência .
Agora, no twitter, disse lamentar a eleição de Trump. Contudo, deu-a como exemplo da democracia a funcionar, ao contrário do que se terá passado em Portugal com a chegada de António Costa a primeiro-ministro. Pouco interessa a Duarte Marques que António Costa seja primeiro-ministro no mais estrito cumprimento da Constituição da República Portuguesa e do seu artigo 187º.
"Ao contrário do [sic] Costa este [Trump] ao menos venceu as eleições", escreveu o deputado do PSD.
Pois, só que a constituição dos Estados Unidos permite que seja eleito o segundo candidato mais votado. Hillary Clinton teve mais 230 mil votos que Trump. No total, ficou com 47,7 % dos votos populares, mais 0,2% dos que recebeu o novo presidente norte-americano que arrecadou apenas com 47,5% dos sufrágios. E, no passado recente, é até a segunda vez que tal sucede. Em 2000, George W. Bush também foi eleito presidente dos Estados Unidos da América com menos votos populares que Al Gore, o candidato democrata.
Só que ao contrário do que se passa em Portugal onde, para ser indicado, o primeiro-ministro tem, em princípio, de garantir uma maioria dos votos (é o que sucede com António Costa que tem o apoio resultante dos votos do PS, BE e CDU), nos EUA o chefe do poder executivo não precisa de ter a maioria dos votos expressos.
Com toda a perspicácia, inteligência e talento a que nos habituou, Duarte Marques reclamou dos termos altamente críticos com que Hollande, outros dirigentes e jornais franceses se referiram à ida de Durão Barroso para a Goldman Sachs:
"Era o que mais faltava: Portugal ou um português receber lições de moral de França ou de Hollande."
Ao deputado laranja, ex-presidente da JSD, não se conhecem estados de alma pelos ataques de Schauble ou de Dijsselbloem a Portugal. O que o encanita é que ponham Durão Barroso em causa.
Com figuras como Duarte Marques, custa muito ser objectivo e cumprir, em simultâneo, Os Preceitos de Francisco Louçã para o Correcto Relacionamento entre Jornalistas e Políticos.
A JSD fazia melhor em preocupar-se com as condições de funcionamento do jornalismo português, essas sim verdadeiramente impeditivas e violadoras da liberdade de expressão e de imprensa.
O pivô opinador Rodrigues dos Santos* (e se criasse um blogue?) e apoiantes seus como o publicista Lourenço são mais sintomas dos desvios propagandísticos da comunicação social portuguesa que daquilo que é realmente preciso defender.
* É raro verem-se directores a escrever notícias, mas este * texto foi escrito por David Dinis, actual director da TSF, ex-director do Observador e antigo assessor de imprensa de Durão Barroso. Do currículo de David Dinis, no pós-RP do antigo primeiro-ministro, constam lugares de jornalista e de editor nas secções de política do Diário Económico e do Diário de Notícias.
A JSD cuja extensão de métodos e processos pude apreciar em tempos na AEIST – e não, estão longe, tão longe, de serem todos iguais - parece refundar-se continuamente no lúmpen reflexivo.
Há dias para atacar os acordos à esquerda publicaram numa rede social a fotografia de um militar a içar a bandeira soviética no Reichstag Nazi. Na precipitação do sound-bite nem perceberam com quem se comparavam, em que companhia se metiam. Corpo inteiro na poça.
Por esses dias, e os dois casos andaram unidos nos comentários, Passos Coelho falou do reviralho pretendido pela esquerda. Azar, apropriou-se do apodo que a Ditadura Nacional e o Estado Novo tinham dado à oposição republicana democrática.
Posições como esta, esta ou esta não são meros acidentes de percurso. São a expressão pública da matriz intelectual da coisa, emanações catastróficas de um modo imaturo de pensar e estar na cidade. Um modo a lembrar desnecessariamente o dos chicos-espertos das associações juvenis ou o dos grémios empreendedores de uma vilória tacanha.
Para não ir mais longe, nos últimos anos, sem contar com os dirigentes no activo, a JS teve Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Delgado Alves.
Enquanto isso, a JSD teve Duarte Marques, Pedro Rodrigues e Daniel Fangueiro.
O pessoal que no comentário jornalístico e na blogosfera protestou contra os professores de greve em dia de exame encontrou durante a semana aliados preciosos.
Num dia, um grupo de deputados da JSD, colectivo onde o bom-senso marca escassa presença, exigiu saber quanto custam os sindicatos ao Estado. Ou seja, embora não percebam o alcance da ideia, desagradam-lhes os custos da democracia.
No dia seguinte, foi o sempre poupado Alberto João Jardim que reclamou a mudança da lei da greve.
Benditas companhias.
(Foto: dn.pt)
Nas vésperas da comunicação presidencial sobre o estatuto político-administrativo dos Açores, em meios da JSD sugeria-se que a declaração de Cavaco poderia estar relacionada com o seu estado de Saúde. Afinal, a montanha pariu um rato e a coisa arrumou-se na gaveta dos rumores.
Ontem, depois de cerca de dois meses sem dar públicos sinais de actividade - a agenda oficial e o facebook não contam -, Cavaco voltou a intervir, no seguimento de um artigo de opinião saído no Público onde se punha em letra de forma a hipótese de o Presidente da República estar incapacitado para o exercício das suas funções.
O inquilino de Belém não pareceu doente. Mas, com a crise que o país e a Europa atravessam, não seria boa altura para andar a brincar ao Senhor Presidente do Conselho Caiu da Cadeira. Nem sequer para deixar no ar resquícios, por mínimos que sejam, de que o rumor pode ter razão de ser.
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