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Não sabia que se podia dar a Ordem da Liberdade a quem sempre tratou da vidinha sob o signo da cobardia.
Os Estados Unidos elegem um presidente racista, sexista, intolerante, que ameaça com deportações massivas, violações de direitos humanos.
E os mercados financeiros norte-americanos respondem-lhe em alta.
Confesso alguma dificuldade em perceber organizações nacionalistas chamadas Portugal Hammerskins e a identificar os seus recrutas como hangarounds e prospects.
Para perceber o mundo que cerca Portugal, neste momento um oásis tolerante, interessa publicar um mapa dos actuais governos europeus, com ligações às extremas-direitas xenófobas, autoritárias e anti-imigração:
Manuel Loff, "A lengalenga do Populismo", in Público
Todos conhecemos demasiada gente que se dizia enganada por Passos Coelho e pelas propostas que o levaram ao Governo pela primeira vez.
E, por algum motivo, cerca de um milhão de eleitores debandou da primeira vez que o então primeiro-ministro (com o CDS-PP) foi a votos para legislativas. Cada um terá um motivo bem pessoal para não ter votado nos partidos da coligação. Mas, ainda assim, haverá demasiada gente a fazer leituras esquemáticas da política.
Quando Passos Coelho afirma nunca ter embarcado "na ideia de que Trump é tão mau que tinha de ser derrotado" está a relativizar propostas de índole autoritário, quase fascistas. A caucionar ideias racistas, anti-imigração, sexistas, de agressão às minorias, que nem sequer serão as suas.
Infelizmente, este não embarque de Passos Coelho, esta contemporização com ideias perversas e perigosas, tem demasiados cultores quer no seu partido, quer na comunicação social. E há quem o diga mesmo dentro do próprio PSD do ex-primeiro-ministro.
Da próxima vez que forem votar, os mesmo eleitores que há pouco se diziam enganados, terão isto em conta? Duvida-se muito. Há-de estar lá outro alguém a dar a cara, e as pazes serão feitas. Já nem se lembrarão do relativizar de ataques racistas, sexistas e outros. Se é que relamente acham estas questões importantes.
Pode dar tudo para o torto, mas apesar da interferência do FBI na campanha e de algumas sondagens, Hillary Clinton tem grande probabilidade de ser eleita presidente dos Estados Unidos da América.
A eleição dos presidentes norte-americanos é indirecta. E, para ser eleito, o candidato tem de garantir 270 votos do colégio eleitoral. Há estados pequenos, que elegem apenas três eleitores (por exemplo, o Alasca, o Wyoming, Washington DC) e estados populosos a eleger 55 eleitores (como a Califórnia), 38 (como o Texas) ou 29 (como a Florida).
Também há estados garantidamente democratas (o Massachussets é um, com 11 eleitores), onde os republicanos não fazem campanha por não valer a pena, e, vice-versa, estados assumidamente republicanos (veja-se o Tennessee, também com 11 eleitores) onde as caravanas democratas nem páram. Aí as urnas estão virtualmente fechadas e os dois maiores partidos norte-americanos contam há muito com esses eleitores como seus.
Depois há, como já se sabe, os estados dançarinos, onde a luta é renhida, e tanto podem cair para um lado como para o outro. E é aqui que tudo se joga. Em estados ambíguos, como a Florida (29 eleitores), Nevada (6), Iowa (6), Ohio (18) não se sabe se a vitória pende para Hillary Clinton ou para Trump.
Tudo contabilizado, no presente momento, Hillary Clinton terá 263 dos 270 eleitores de que necessita no colégio eleitoral para assegurar a eleição. Donald Trump terá 164.
Será expectável que todos os estados dançarinos acabem por votar em Trump, dando-lhe os mais de 100 votos de que necessita? Ou será mais provável que um ou dois desses estados, mesmo que pouco significativos em termos populacionais, acabem por dar a vitória a Hillary Clinton, assim como os sete votos de que necessita para ser eleita presidente dos EUA este domingo?
Alguns Miguéis Sousa Tavares são mais Carlos Costais que outros.
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