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(Foto: oliveirasalazar.org)
Não é que viesse grande mal ao mundo se uma meia-dúzia de garrafas de vinho produzidas a partir da baga - agreste casta da região do Dão - fosse vendida sob o nome comercial de Memórias de Salazar. Aquilo deverá andar perto do intragável para paladares habituados à macieza do Douro e do Alentejo e sempre se ficava a conhecer a identidade dos produtores que tal referência querem aproveitar.
No entanto, o Instituto Nacional da Propriedade Intelectual não autorizou o uso da marca Memórias de Salazar, por recear que a ordem pública fosse posta em causa. Soa a cautela a mais: o mais provável era que o eventual prejuízo das quebras anormais nos pontos de venda recaísse sobre as seguradoras.
Nos blogues da direita, nalguns institutos e jornais, há sempre quem se horripile com insinuações de que têm alguma tolerância com um passado "salazarento". Desta vez não será diferente e voltarão a dizer que já era tempo de acabarem estes sinais "de falta de maturidade democrática".
A indignação é mais que previsível. Estes desassombrados braços-de-ferro, pendões da liberdade de espírito, vêm sempre das bandas dos eleitores e eleitos da direita (o promotor da ideia, o autarca João Lourenço, é do PSD).
No fundo, este tipo de ponto de honra é uma opção tão válida como outra qualquer para averiguar se Portugal é um país realmente livre. E aposta-se até que se o referido Lourenço fosse nascido há 50 anos teria demonstrado idêntico destemor e quiçá passado, como outros passaram, pela António Maria Cardoso.
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