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"Temos de punir os pecados do passado, mas com o olho numa futura redenção”, justifica uma fonte da Comissão Europeia a antecipar três semanas que Bruxelas dará a Portugal e Espanha para tomarem medidas que lhes permita cumprir o défice de 2015.
O articulado traz ranço protestante, uma linguagem de castigo e provação. Uma crença fundamentalista no divino do velho Testamento que lhes justificará a ideia omnipotente de que dois países possam actuar retroativamente sobre contas passadas.
Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa afirmava não se dever aplicar nenhuma sanção ao "Governo de Passos Coelho, porque não merece", nem ao "Governo de António Costa porque, na pior das hipóteses, ainda não merece, ou nunca merecerá".
O que a Comissão Europeia promete é castigar o actual primeiro-ministro pela governação daquele que lhes seguiu (com gosto) as imposições. A juntar à vontade várias vezes anunciada, há as estranhas declarações de Maria Luís Albuquerque: Se fosse ela a ministra das Finanças o país não sofreria sanções.
Como foi sob o seu exercício que o país falhou o défice que pode provocar as sanções, não deve ser de especial competência que Maria Luís se gaba. Do que a ex-ministra se fia é de a Comissão Europeia ser constituída maioritariamente por parceiros europeus do PSD e do CDS-PP. E esses preferem ajudar os seus e fazer a folha a um governo apoiado por uma maioria de esquerda que tem apresentado bons resultados em termos de execução orçamental.
Primeiro, a ideia de sortear automóveis entre os pedidores de facturas é pacóvia e só podia ter saído das cabecitas de patos bravos.
Depois, aumenta as importações, o que joga mal com uma muito auto-publictada aposta governamental.
Por fim, quem ganha com a coisa volta a ser a Alemanha que lá consegue vender em Portugal mais meia dúzia de unidades automóveis.
E nem sequer são carros que saiam da Auto-Europa.
Simbólico, mas ainda assim absolutamente revelador de um certo quadro de indigência mental.
Eu sou aquilo que se chama uma pessoa bem intencionada.
Ora, do meu ponto de vista, Maria Luís Albuquerque tem sucessivamente alterado aquilo que diz a propósito do seu conhecimento das SWAPS. À medida que Teixeira dos Santos, Costa Pina e até o seu ex-chefe Vítor Gaspar dizem coisas, a já não tão recente nova ministra das Finanças matiza o que diz.
Até Marcelo Rebelo de Sousa, sempre pronto a defender os pontos de vista clubístico-partidários do PSD de ambos, confirmou que Maria Luís Albuquerque mentiu.
E, se mentiu, não tem, concluo eu, condições ou idoneidade para se manter no cargo. Deveria demitir-se ou ser demitida.
Pouco interessam as garantias que Passos Coelho deu a Cavaco Silva sobre Maria Luís Albuquerque.
A caução dada pelo primeiro-ministro em nada atenua outra informação que Cavaco tem sobre a ministra - Exactamente a mesma que o comum dos mortais tem sobre ela: a sucessora de Gaspar mentiu.
Anteontem, na sequência de novos dados sobre os conhecimentos da ministra a propósito da existência de SWAPS, e de nova matização de afirmações anteriores, Cavaco voltou a abonar a manutenção da governante.
De acordo com um aforismo muito querido ao inquilino de Belém duas pessoas bem intencionadas com a mesma informação chegam necessariamente à mesma solução.
Sendo eu bem intencionado, vide supra, e advogando a demissão de uma governante pouco séria com a verdade - até o seu correlogionário Marcelo diz ter mentido -, só se pode concluir, de acordo com o aforismo presidencial, que Cavaco não é uma pessoa bem intencionada.
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