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Concerto empresarial

por Tempos Modernos, em 15.11.16

Em 2011, Judite de Sousa entrevistou sucessivos banqueiros sem se aperceber do movimento concertado para correr com o Governo de José Sócrates. Entretanto, depois disso, faliram bancos e até prenderam banqueiros (sim, e o então primeiro-ministro também, mas isso é outra questão).

 

Ora, anteontem, no Diário de Notícias e na TSF, lá tivemos uma entrevista a Ferraz da Costa com direito a comentários acerca da administração da Caixa Geral dos Depósitos. “Se a administração sair há responsabilidades políticas”, disse o histórico dirigente dos patrões portugueses. Há dias, Sol e jornal i tinham anunciado a saída breve de Mário Centeno. São os termos exactos em que Ferraz da Costa se expressa. E se a coisa até é uma possibilidade genérica, o texto das versões digitais do texto jornalístico não tinham uma única declração que lhes sustentasse a manchete.

 

Entretanto, também anteontem, mas à noite, na SIC, Marques Mendes, que até é o autor da questão da declaração de rendimentos, reclamou da oposição por não atacar mais António Domingues, o presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos.

 

Ontem, na Renascença, esteve António Saraiva, a dizer que o dossiê “Caixa foi gerido desastrosamente, desde a nomeação da administração". Faz algum sentido, não todo, veja-se a recapitalização, mas a situação recebida do Governo de Passos Coelho e de Paulo Portas remete o lado realmente desastroso para tempos bem anteriores.

 

Do ponto de vista jornalístico e da ética, a questão da entrega das declarações de rendimentos é mais que óbvia notícia. Todavia, do ponto de vista empresarial e da economia, interessaria mais tratar da coisa em modo discreto. Como lembra, hoje, o nem sempre interessante Augusto Mateus, na mesma Rádio Renascença, há questões bem mais relevantes a discutir a propósito da CGD.

 

Ferraz da Costa, num dia, António Saraiva no outro, já são muitos patrões a bater na mesma coisa. Ainda por cima quando batem pelo mesmo lado e intercalados com o propagandista Marques Mendes – um que no tempo de Cavaco tratava de alinhamentos de telejornal. Nalguma coisa lembra a fronda bancária de 2011.

 

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publicado às 11:32

Marques Mendes é um político que cria factos que interessam ao seu partido, o PSD, e que uma estação de televisão usa como comentador.

 

Ontem deu o tiro de partida. Falou da necessidade de remodelar o Governo de António Costa. Como se fosse uma figura neutra, Mendes falou na mudança de titulares nas Finanças, na Economia e na Educação.

 

Se o primeiro pode ser acusado de falta de habilidade e o segundo de mal se dar por ele, com a pasta da Educação a coisa é diferente.

 

Remodelar Tiago Brandão Rodrigues é uma reestuturação que serve sobretudo os donos de colégios privados e os autores e editores de livros e manuais de exames - clientelas do anterior governo, apoiado por Marques Mendes.

 

Do lado do BE, da CDU e dos sindicatos é muito pouco provável que existam grandes queixas do ministro. Estão bem recordados de Nuno Crato. Resta a Marques Mendes ir dando uma má imagem do ministro Tiago Brandão Rodrigues. Queimá-lo em fogo lento.

 

O tiro de partida de Marques Mendes e a ideia de remodelação têm obvia intenção partidária, Mas os seguidores estão garantidos.

 

O facto virtualmente inexistente na véspera foi de imediato aproveitado por vários interessados no fim do Governo de Costa. De ontem para hoje até surgiram jornalistas a dar como garantido que Costa "já percebeu que tem de efectuar uma remodelação governamental".

 

Os achanços e desejos íntimos de Marques Mendes e de alguns jornalistas ainda não se tornaram factos. Embora pelo que se vai lendo, às vezes pareça.

 

A falta que fazem jornais e jornalistas com outra cultura, capazes de dar o outro lado dos discursos e acompanhar de outra perspectiva as vicissitudes de um Governo apoiado pela Esquerda parlamentar.

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publicado às 19:52

Abuso de posição pública

por Tempos Modernos, em 09.11.15

Marques Mendes lá se entreteve ontem a descobrir um vencedor nas negociações à esquerda. Escolheu o Bloco de Esquerda, mas podia ter escolhido o PCP ou o PEV. O objectivo é causar instabilidade na solução governativa negociada pelos esquerdas, preocupar o PS e acicatar aquilo que dizem ser uma inultrapassável e fatal rivalidade entre o BE e o PCP.

O objectivo não é acertar e esclarecer, mas usar o balcão televisivo para fazer valer uma agenda própria e minar a dos outros. Marques Mendes, como Marcelo Sousa, durante mais de uma década, não dá ponto sem nó.

 

 

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publicado às 17:10

 

marques mendes.jpg

 (fonte: dn.pt)

 

Testemunha no julgamento da Moderna, Ângelo Correia, ou alguém por ele, desfiou os cargos que exercia em órgãos sociais de empresas, associações e cangalhada vária. Absolutamente impossível cumprir a tempo inteiro os deveres associados às dezenas de lugares.

 

Deve ser o que se passa com Marques Mendes e com muitos outros políticos que vemos ocupando tantos e tantos cargos em tudo e mais alguma coisa.

 

Nunca tiveram uma reunião, um contacto, uma diligência, uma conversa sobre nada daquilo em que periodicamente algumas destas empresas estiveram envolvidas. Desta vez foi o antigo presidente laranja com os vistos Gold, de outra vez foi outro qualquer, noutro qualquer assunto.

 

 

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publicado às 12:26

Um fim-de-semana como os outros

por Tempos Modernos, em 13.10.13

Mário Soares diz que alguns membros do Governo são "deliquentes" e têm de ser julgados.

 

Jorge Sampaio pede "assomo patriótico" e repudia críticas ao Tribunal Constitucional.

 

Jerónimo de Sousa chama a Passos e Portas "trapaceiros e malabaristas".

 

O antigo reitor Meira Soares acusa o Governo de "estupidez".

 

"Com o que tem acontecido em Portugal era para ter uma guerra civil em cima", diz o bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas.

 

Marques Mendes acha que "parece um governo de adolescentes e de gente imatura".

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publicado às 20:12

Diz o "pequerrucho"* (Marques Mendes) que o Governo não quis espantar a "caça" (eu e os queridos leitores) e por isso não anunciou o fecho de 50 por cento das repartições de finanças existentes.

 

Espera-se que tenha o bom senso de as mandar fechar lá nas autarquias onde houve vitórias do PSD e sdo CDS-PP (o irrevogável Portas é que tem a pasta da reforma do Estado, ou nem por isso? ). Pode ser que tenham menos reclamações. E esses eleitores merecem ver a crença recompensada bem como participar nos sacríficios que justificam.

 

* Não sou propriamente um amante das piadolas sobre o aspecto físico do pessoal, mas quando Marques Mendes chama caça aos portugueses abre uma janela de retribuição de bons modos.

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publicado às 10:48

O esplendor analítico

por Tempos Modernos, em 28.09.13

Estou em pulgas. A SIC tem na calha os inamovíveis e imparciais Marques Mendes e António Vitorino para comentar amanhã os resultados das autárquicas. Mais uma vez, uma aposta de gabarito.

 

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publicado às 21:23

Os senhores comissários

por Tempos Modernos, em 12.05.13

 

(Foto: dinheirovivo.pt)

 

Marques Mendes vai matando saudades do seu já longínquo passado enquanto alegado produtor diário de alinhamentos de telejornal. Transferido recentemente da TVI24 para a SIC, o conselheiro de Estado, antigo ministro de Cavaco e antigo presidente do PSD, dá notícias, cria factos. Alimenta uma agenda, o estatuto de recrutável no mercado comentocrático da comunicação social.

 

Depois de ter anunciado a convocação para breve do Conselho de Estado - Manuel Alegre, seu parceiro no órgão de aconselhamento do Presidente da República, afirmou desconhecer qualquer convocatória, mas o também conselheiro Marcelo Rebelo de Sousa, talvez para não ficar atrás de Mendes, confirmou a intenção de Cavaco, que, entretanto, afirmou que o marcaria quando fosse útil -,  Marques Mendes descobriu em Vítor Gaspar um perfil de comissário europeu.

 

E porque não? Há muito que o país se habituou a ver figuras sem grande préstimo alçadas aos mais cobiçados lugares. Gaspar seria mais um no  rol infindável de personalidades menores, de desconhecidas virtudes cívicas e méritos discutíveis, premiadas com colocações de sonho.

 

Até poderia lá ser posto pelos seus. Mas, num sítio asseado, o PS, em aparente corte com o passado e por conta do qual corre a sucessão governativa, alertaria para a remoção logo que possível.

 

Infelizmente, o exemplo recente  da Islândia, onde os responsáveis voltaram ao local do crime, baixa ao menos as expectativas quanto ao futuro.

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publicado às 09:46

E ninguém vai preso?

por Tempos Modernos, em 01.11.12

Marques Mendes deve ter muitas coisas interessantes para dizer. Digo deve ter pois não lhe sigo o programa semanal de tempo de antena na TVI.

 

Para antigos líderes do PSD com programas televisivos já me basta episodicamente o mais divertido Marcelo, eterno candidato à Presidência da República. E para formar uma opinião, prefiro a prática quotidiana de cada partido ao ponto-de-vista prosélito ou auto-promotor. É mais segura.

 

O antigo ministro da comunicação social de Cavaco diz que o FMI e o Governo já vão tratando da refundação pedida há dias por Pedro Passos Coelho. Acho bem.

 

Primeiro, levam-se vinte ou trinta anos a dizer que a segurança social é insustentável. Pelo caminho, segue-se o mesmo processo com a educação e a saúde. Em simultâneo, destroem-se a já então muito frágeis indústria e agricultura nacionais. Gasta-se dinheiro dos contribuinte em pareceres, em obra pública entregue a parcerias público-privadas e a empresas de amigos, duplica-se a estrutura do estado com empresas, observatórios, institutos onde fica facilitada a colocação de boys e se contorna os mecanismos da contabilidade e da contração públicas.

 

Quando deixa de haver dinheiro, recorre-se a empréstimos usurários junto da banca (Fernando Ulrich é um dos que se financia a juros baixíssimos para o emprestar ao Estado com juros muito mais altos) e diz-se que como se tem de pagar os juros todos, o país não pode sustentar nem as escolas nem os hospitais, nem os desempregados, nem os reformados.

 

Deve ser o tal desvio muito grande entre o Estado que os portugueses querem ter e o que podem pagar, de que falava o Gaspar. Ainda bem que há quem nos mostre onde devemos querer que seja gasto o dinheiro dos nossos impostos. Seja o Governo, seja o FMI.

 

 

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publicado às 11:08

Em Fátima, a Igreja trata deste mundo

por Tempos Modernos, em 13.10.12

 

 

(Foto: blogue A Saúde da Alma)

 

Espantosas as declarações de José da Cruz Policarpo condenando as manifestações contra o Governo e a Tróica.

 

Num tempo em que a cidade se enche de novos pobres e de novos nus, o cardeal patriarca encontra nas manifestações que se têm sucedido o exemplo da corrosão da "harmonia democrática". Ao falar em Fátima, antes de se iniciarem as peregrinações do 13 de Outubro, o dia do milagre do Sol, o cardeal patriarca de Lisboa envergou as vestes do príncipe, de alguém cujo reino pertence a este mundo.

 

Não será o único motivo de preocupação da Igreja, mas, há dias, Marques Mendes defendeu que o tempo de emissão televisivo das confissões religiosas pode e deve ser mantido. Ontem, José Policarpo juntou na mesma conferência de imprensa a condenação das manifestações  ao desejo de cumprimento da Concordata. Os mais cínicos poderão achar que a Igreja Católica receia ver transformada em cordeiro sacrificial o tempo de emissão que o Estado desde sempre lhe concedeu nos canais públicos. 

 

O facto de se perguntar a um conselheiro do Governo se acha que algo pode e deve ser mantido, revela ao menos o receio da resposta negativa. os mais cínicos poderão questionar daqui a pouquissímo tempo: a presença na televisão (e a isenção de pagamento de IMI) valeu mesmo os 30 dinheiros?

 

 

 

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publicado às 10:16


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