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Passos Coelho avisou há dias que Portugal vetará o orçamento da União Europeia se este não for mudado. Por sua vez, Cavaco considerou-o "inaceitável". Quando até o bom aluno rabeia e fala grosso, mesmo que seja para consumo interno, isso deve querer dizer algo sobre o estado de alma dos 27.
Conciso como sempre, Medeiros Ferreira lembra que em Novembro além do orçamento europeu ainda há o doméstico para resolver: são muitas contas ao mesmo tempo mas "ninguém se enganará que isto não é um concurso de prognósticos".
Adepto confesso de futebol, e críptico como costuma ser, com uma frase destas é bem provável que o antigo ministro dos Estrangeiros receie já o fim do jogo.
Os mesmos jornais que usam expressões como colaborador em vez de trabalhador ou emagrecimento em vez de despedimento, estigmatizam algum tipo de linguagem que consideram velha e relha.
Como lembrava há tempos, na Visão, Ricardo Araújo Pereira, um dos mais lúcidos analistas políticos da praça, "um insulto na boca dos credores é realismo económico, na boca dos devedores é primarismo económico". "Os mercados além de deterem o capital financeiro, detêm ainda o capital semântico. Tudo que seja capital eles açambarcam", dizia ainda.
Medeiros Ferreira, cuja prosa é habitualmente temperada pela ironia breve, compacta e eficazmente cirurgica, também já se lança nos terrenos do comentário explícito. O pretexto são as questões lançadas no manifesto que esta semana co-assinou: "São temas de outras eras como despudoramente ouvi repetir ao longo do dia pelos modernaços do comentário? Quem dera... "
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