Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Como dito há dias, começa a haver escassa pachorra de muitos para suportar os dislates de uns poucos.
Acrescenta-se: esgota-se a pachorra desses muitos, sem voz, para suportar os dislates, amplificados, de uns quantos.
(Foto: blogue Terra Imunda)
Está cada vez mais articulada em termos oratórios a resposta que os portugueses dão para o seu descontentamento com a crise. Isso foi bem claro na vigília que ontem se realizou durante o Conselho de Estado.
A existência destas manifestações tem feito com que durante um lapso de tempo razoável se quebre o grande consenso narrativo que tem imperado nalguma classe política e entre a maioria dos comentadores televisivos. Uma forma de combater inevitabilidades, quando se anda na rua e ainda se ouve muita gente resignada com a profundidade da austeridade necessária.
Depois, coincidente ou não com o apelo de um sindicato da PSP à contenção da corporação antes do 15 de Setembro, nestas últimas iniciativas de protesto não se falou em cargas policiais mal explicadas. Embora tenha sido aproveitada na imprensa, onde existe quem goste sempre de acenar com os perigos de uma qualquer mano negra, a detenção de manifestantes não ofuscou o impacto dos movimentos. As imagens televisivas são mais que suficientes para destruir esse discurso.
No próximo sábado, dia 29, a CGTP, que não foi ouvida por Cavaco em vésperas de Conselho de Estado, tem uma manifestação marcada e corre o risco de a ver substancialmente alargada em relação ao habitual. Os que continuam a fazer o discurso anti-político, bem nutrido por muitos representantes da classe, talvez não estejam lá, mas a convergência com outras forças existirá. Há pouco espaço na imprensa, como muitas vezes acontece, para ignorar ou passar a vol d'oiseau pela iniciativa da central sindical.
Dia 5 de Outubro, talvez o último a celebrar-se, enquanto feriado, nos tempos mais próximos, realiza-se na Aula Magna, em Lisboa, o Congresso Democrático das Alternativas. Manda a decência editorial que tenha tanto tempo de antena televisivo como uma recente iniciativa de uma fundação ligada a um supermercado. Os organizadores não querem que a coisa seja um momento de chegada e todos os episódios contam para manter vivo o discurso contra a inevitabilidade.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.