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Boa parte dos eleitores do PS não se reconhecem nas medidas que o seu partido leva a cabo quando passa pelo Governo. Boa parte continua a votar nele por hábito, clubismo ou reiterada concessão do benefício da dúvida.
Não evita, no entanto, que uma ampla massa olhe com esperança para epifenómenos como o Alegre da primeira candidatura presidencial.
Embora previsivelmente não os faça mudar de campo na hora de votar, a assinatura pela UGT do novo acordo de concertação social aliena todos esses eleitores.
Torres Couto, o histórico sindicalista, volta a ser duríssimo com a postura da organização de que foi fundador e polémico secretário-geral. O acordo ontem bastamente elogiado rebenta literalmente nas mãos de que o assinou.
Com a contestação a endurecer também dentro da esquerda socialista, o Governo terá ainda menos espaço para fazer o que vem fazendo.
Nomeações como a de Catroga ou de Celeste Cardona, salários de nove mil contos acumulados com pensões de dois mil, deslocalização das empresas de opinion makers, acordos como o de ontem, criam condições para um novo espírito crítico.
A continuada higienização de pontos de vista levada a cabo pela opinião publicada tem cada vez menos espaço de manobra.
António Capucho, há dias, em debate na SIC-Notícias, afirmou que o PS não tinha moralidade para falar das nomeações de Catroga, Braga de Macedo, Teixeira Pinto e Celeste Cardona para a EDP futuramente chinesa.
Em abstracto, António Capucho tem razão. Nunca o PS se coibiu de distribuir cargos e lugares no aparelho de Estado como se o Estado fosse a sua coutada pessoal.
Na prática, não tem razão nenhuma.
O ex-presidente da Câmara Municipal de Cascais e ex-conselheiro de Estado indicado pelo PSD não se limita a fazer uma crítica - legítima - ao PS.
Capucho usa-a para branquear a actuação do seu partido, o PSD, e do parceiro de coligação, o CDS-PP.
Agora que toca os seus não vê no caso nada de invulgar ou pouco claro, Então se até são chineses que mandam agora na empresa.
Apenas comprova que os partidos escolhem para aconselhar o Presidente da República, senadores mais preocupados com os preciosismos técnico-jurídicos que com a ética e a cidadania.
Ao contrário do que possa pensar algum leitor mais desatento a utilização do substantivo moscas neste post não se deve a nenhum desvio demagógico. O autor só não descobriu foi um outro termo mais adequado.
Não consegue, confessa, encontrar nenhum bom motivo para que os cargos de administrador hospitalar sejam de confiança política.
Essa gente toda de confiança política que tem passado por empresas públicas, hospitais e outras instituições não impediu que falissem ou que se tornassem super-deficitárias.
A impressão que fica é que não estariam em pior situação se os administradores tivessem sido tirados à sorte entre os cidadãos portugueses com mais de 18 anos.
O que espanta neste caso da substituição de administradores hospitalares do PS por boys do PSD e do CDS-PP não é que as moscas mudem ou que haja gente que se indigne.
O que espanta é que ainda haja quem fique surpreendido.
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