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(Foto: Perfil twitter de Barack Obama)
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... afinal, José Medeiros Ferreira e Bruno Nogueira provam que não estou sozinho na minha opinião sobre os jornalistas, analistas e comentadores portugueses que falam sobre as eleições norte-americanas.
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(Foto: bbc.co.uk)
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Segui com curiosidade a figura de Barack Obama a partir da altura em que o vi entrevistado por Jay Leno, ainda estava longe de ser escolhido pelos democratas como candidato à presidência dos Estados Unidos da América. Há quatro anos, por mera motivação pessoal, acompanhei debates em directo, sondagens e análises estatais, o noticiário norte-americano.
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O noticiário português, não me lembrava já e reapercebi-me ontem ao seguir novamente os canais internacionais, não permitia uma visão segura sobre o que se passava realmente no terreno. NotÃcias com dois e três dias eram publicadas como novidade nos onlines dos nossos órgãos de comunicação social. E mais vale olhar sozinho para as sondagens em bruto que ler análises em quarta e quinta mão sobre elas.
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Este ano - há tanta coisa para desesperar, para quê juntar-lhe as incertezas de uma reeleição num paÃs distante? - andei afastado da terça-feira eleitoral. Ontem, ao inÃcio da noite, ainda jornalistas portugueses nos garantiam que só lá para sexta-feira haveria resultados tal era a proximidade entre os candidatos à Casa Branca e grande a probabilidade de que contestassem a votação nalguns colégios eleitorais. Em cheio, como se viu: pouco depois das dez da noite local já se sabia que Obama tinha mais quatro anos de mandato, a maioria dos eleitores dos estados dançarinos tinham-lhe ido parar à s mãos, tal como a maioria dos votos populares e o Senado. E nem no Wisconsin, estado-natal de Paul Ryan, candidato republicano à vice-presidência, ou no Massachussets, onde Mitt Romney governou, se deixou de dar a vitória ao democrata.
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Às 5h da manhã soube que Obama vencera já as eleições. Durante a noite e a madrugada, pelos canais televisivos portugueses, encontravam-se os mesmos analistas de há quatro anos. Vasco Rato, Nuno Rogeiro, gente que fez parte das estruturas ideológicas do Governo de Durão Barroso-Paulo Portas.
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Não fiquei a ouvi-los, confesso. Atrevo-me a dizer que terão sugerido que entre Obama e Romney não há grandes diferenças, que Romney é um republicano moderado, que a eleição de um ou de outro seria indiferente, como se viu nestes quatro anos falhados. Nem todos os analistas da clique PSD e CDS-PP estiveram a favor da invasão do Iraque, mas os executores polÃticos empenharam o paÃs nessa intervenção ao lado de George W. Bush.
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Quatro anos passados, Obama não cumpriu muito do que prometeu. Ann Nixon Cooper já não está entre os vivos como estava em 2008. Os desejos tropeçam sempre na realidade. E a maioria republicana no Congresso tudo fará para minar iniciativas presidenciais. Mas, mesmo assim, é sempre melhor partir de um programa polÃtico onde a justiça e a cidadania prevaleçam do que de um onde se defenda o salve-se quem puder, o darwinismo social e o totalitarismo dos mercados. A ver o que faz agora Obama ao anunciar que "o melhor ainda está para vir".
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A eleição de Romney poria a Europa e os Estados Unidos a puxarem para o mesmo lado. O da austeridade e do empobrecimento sem barreiras. Só que no que toca ao sudeste asiático as paisagens são mais atraentes que os modelos sociais e as leis laborais. E a salvação dos orientais nunca ganhará nada com a miséria dos povos de outros continentes. Angela Merkel não precisa de mais aliados, como lembra Mário Soares. Precisa é que lhe tirem o tapete.
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(Foto: foxnews.com)
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Terça-feira joga-se o futuro imediato do planeta. Obama esteve longe de deslumbrar, maldita mania de se querer mostrar equilibrado com a finança e outros interesses, mas Romney será a catástrofe. Também para a Europa. Um resultado a aguardar com angústia.
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Os EUA viram a notação da dÃvida baixar do triplo A, nome de Rancho do Faroeste, para AA+, depois do braço de ferro entre Democratas e os Republicanos para subir o tecto da dÃvida.
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Obama herdou um paÃs economicamente arrasado pelo fundamentalismo económico e bélico de Bush júnior e dos seus rangers.
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Defende como grandes necessidades o relançamento da Economia e a criação de emprego.
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Ainda apostou na ideia peregrina de dar um sistema nacional de saúde aos seus compatriotas.
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Os Republicanos logo trataram de sabotar os planos. O patriotismo é apenas um meio. Afinal, nunca os democratas recusaram aumentos do tecto da dÃvida. Indiferentes ao sofrimento humano, os Republicanos não têm qualquer problema em atirar para o abismo a Economia norte-americana e de seguida a mundial. A sua crença e interesses falam mais forte.
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Os métodos são conhecidos. E se a Democracia não lhes dá o que querem, boicota-se. Têm dinheiro suficiente para se manterem e aos seus acima da linha de água. Nunca é sobre eles que assenta a parte mortal da crise.
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Enquanto matam - porque a fome mata - sempre fazem a vida negra a Obama. Daqui a um ano e tal, pode ser que já ninguém se lembre das guerras em que Bush enfiou o paÃs ou da morte de Ben Laden. Será altura de voltarem ao poder.
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Se a captura de Ben Laden soou a Faroeste, teve também o condão de quase garantir a reeleição a Obama.
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De alguma forma, permite ao presidente norte-americano viajar até à fronteira com o México, enfrentar um Congresso hostil e apoiar a legalização de milhares de sem papéis.
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Passo o domingo fora e tenho de guiar. O preço das gasolinas anda ameaçador e Obama vai criar um grupo de trabalho "para analisar se existem fraudes no mercado que afectem os preços de revenda dos combustÃveis, incluindo acções de especuladores".
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