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Programas como o muito mal (e parcialmente) conduzido Fórum da TSF, Opinião Pública, da SIC, Discurso Directo, da RTP, ou Antena Aberta, da TVI, evidenciam muitas vezes o pior de uma reflexão rala e infantilizada da coisa pública, pensamento minado e enformado por discursos políticos indigentes e ralos.
Modos típicos do pensar são a mistura de alhos e bogalhos, as falácias e a reprodução acrítica dos pensamentos alheios.
"Em vez de aumentos de ordenados e reposição de salários, preferia antes ouvir falar de redução do número de deputados, fim de parcerias público-privadas e das taxas de audiovisual, redução do IVA e das tarifas de electricidade. Isso sim, era falar de coisas reais e que fariam diferença. O resto é demagogia." Luís Roque, Amadora, Correio do leitor, in Correio da Manhã, 16 de Novembro de 2015".
As cartas dos leitores são em regra editadas e formatadas, mas é curioso que o leitor diga que aumentos de ordenados e reposições de salário não são coisas reais ou coisas que façam a diferença. Depois, conclui com acusações de demagogia. Curioso, pois Luís Roque fala do fim da taxa de audiovisual, ou da redução de deputados, um topos irresponsável, impraticável em termos de representação democrática e de eficácia parlamentar, financeiramente irrelevante, mas um ponto alto do repertório dos demagogos.
Como dito há dias, começa a haver escassa pachorra de muitos para suportar os dislates de uns poucos.
Acrescenta-se: esgota-se a pachorra desses muitos, sem voz, para suportar os dislates, amplificados, de uns quantos.
(Foto: activa.sapo.pt)
Quando ouvir um pivô como Ana Lourenço chamar "líricas" a propostas de esquerda (vindas das áreas da CDU e do BE) enquanto modera um debate televisivo, tenha o caro leitor em conta que se trata sempre da expressão de uma opinião pessoal. E, ainda por cima, como se sabe, as propostas da direita estão a dar um resultadão, não é?
O mesmo, exactamente, quando um general afirma, no Prós & Contras - na linha ideológica aliás de todos os convidados para debater, à mesa, as manifestações - que só são possíveis soluções governativas PSD e PS chamando "ingénuos" aos que não pensam como ele.
Trata-se de pontos de vista absolutamente pessoais como a maioria dos que se expressam nas televisões.
Não julgue que Ana Lourenço escapa aquilo que são as suas convicções pessoais. Se tem o dever da isenção e do rigor, isso não impede que como qualquer ser humano transfira para as análises aquilo que é a sua carga subjectiva. Ainda por cima, o convívio com o poder nunca foi de molde a beneficiar a compreensão de dificuldades ou a empatia com os mais desfavorecidos.
Quando ouvimos esta gente, devemos ter sempre em conta que são tão estúpidos e abalizados como qualquer um de nós.
(Foto: Reencontros)
Portugal adoptou nos últimos 15 anos muitas medidas públicas de criação de emprego, disse ontem o economista Cantiga Esteves, em entrevista a Mário Crespo.
Não valia a pena ficar a ouvir o resto. A afirmação é tão alarve e boçal como a generalidade do que sai das bocas dos catrogas, dos borges.
Mas a comunicação social insiste em ir ouvi-los como se fossem credíveis, algo mais que sinistros manageiros da situação a que chegámos.
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