Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
(Foto: martinwestlake.eu)
Eduardo Oliveira Silva, director do jornal i, não ouve Marcelo Rebelo de Sousa. Pelo menos não o ouviu há duas semanas. Ou talvez para não destoar da classe, tenha ligado só às partes mais orelhudas. Aquelas em que o comentador falou do seu próximo colega José Sócrates.
Hoje, em editorial, o jornalista recusa que se governe "procedendo anualmente de forma provocatória em relação" à Constituição e afirma que quem o faz "não tem condições éticas para exercer o poder".
Acrescenta mais. "Dir-se-á que a Constituição está velha e obsoleta em alguns aspectos. Está. Mas para a mudar é preciso procurar consensos dentro da Assembleia da República ou então apresentar um programa ao eleitorado que concite o apoio de tantos votantes" que elejam deputados em número suficiente para a mudar. Se no essencial o editorial é razoável e equilibrado, até feliz, neste parágrafo o jornalista incorre num erro. Infelizmente muito propalado.
Como lembrou Marcelo, o Orçamento de Estado poderá chumbar, mas não por a Constituição estar "velha e obsoleta". Onde o Orçamento de Passos Coelho, Vítor Gaspar e Paulo Portas se arrisca a chumbar é no tipo de articulado que todas as constituições de países democráticos sempre terão. Seja em Portugal, seja nos Estados Unidos da América.
Não serve de nada alterar a Lei Fundamental com o pretexto que não está de acordo com a realidade e que não deixa governar. O que estará no cerne de uma eventual decisão negativa do Tribunal Constitucional serão questões como a igualdade dos cidadãos perante a lei e perante a tributação. E alguém aceita que uns cidadãos sejam mais cidadãos que outros? Já basta o que basta.
Passos Coelho avisou há dias que Portugal vetará o orçamento da União Europeia se este não for mudado. Por sua vez, Cavaco considerou-o "inaceitável". Quando até o bom aluno rabeia e fala grosso, mesmo que seja para consumo interno, isso deve querer dizer algo sobre o estado de alma dos 27.
Conciso como sempre, Medeiros Ferreira lembra que em Novembro além do orçamento europeu ainda há o doméstico para resolver: são muitas contas ao mesmo tempo mas "ninguém se enganará que isto não é um concurso de prognósticos".
Adepto confesso de futebol, e críptico como costuma ser, com uma frase destas é bem provável que o antigo ministro dos Estrangeiros receie já o fim do jogo.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.