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Só eu não conheço nenhum

por Tempos Modernos, em 10.12.15

Diz nova sondagem que "[c]uriosamente, nestes dois partidos de esquerda [PCP e BE] que suportam o executivo socialista há ainda uma franja considerável de mais de 30% que dariam a liderança do governo a Passos Coelho. No PS essa margem é mais residual e fica-se nos 19%."

 

Deve ser por viver na Grande Lisboa e 56 por centos dos inquiridos viverem no Norte e no Centro.

 

 

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publicado às 09:06

Fazer dos outros parvos

por Tempos Modernos, em 05.09.13

Paulo Ferreira disse ao jornal i que "deve caber «ao jornalismo o que é do jornalismo e à política o que é da política»". O director de informação da RTP pretende justifica e arrumar a realização de uma entrevista a Pedro Passos Coelho em vésperas de eleições autárquicas e a exclusão dos restantes dirigentes partidários.

 

Será que acha mesmo que a sua posição é defensável e compatível com o pluralismo associado ao direito à informação?

 

Os critérios jornalísticos e editoriais têm as costas largas e sofrem demasiados tratos de gato sapato nas mãos de quem os saca dos coldre para justificar decisões duvidosas.

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publicado às 16:32

As sondagens enganadoras

por Tempos Modernos, em 20.03.13

Neste post, cito uma sondagem da Universidade Católica em cujos resultados não acredito grandemente. Quem anda na rua, vai aos cafés, usa os transportes públicos não acredita que logo a seguir a uma manifestação como a do 2 de Março o PSD tenha subido quatro pontos nas intenções de voto.

 

Já acredito que o PS e os restantes partidos da oposição não descolem de modo claro. A credibilidade governativa depende bastante de factores extrínsecos à validade ou existência de propostas alternativas. E essa credibilidade é no essencial bastamente construída por tiro de barreira comunicacional.

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publicado às 17:32

Má escrita jornalística

por Tempos Modernos, em 01.11.12

 

(Foto:http://ancienthistory.about.com)

 

Paula Castanho tem tempo suficiente de jornalista para saber as implicações do uso dos artigos definidos na construção de uma frase rigorosa e objectiva.

 

Ao acompanhar em São Bento os protestos contra o Orçamento de Estado 2013 diz em determinada altura que "agora" ouvem-se aplausos. No entanto confessa-se incapaz de perceber os motivos para estes. A jornalista afirma não ter ouvido declarações novas: apenas as habituais frases contra "os" deputados. O que poderia com legitimidade e rigor afirmar seria, quando muito, "apenas as habituais frases contra deputados", sem o artigo "os" que transforma alguns deputados em todos os deputados. A percepção é feita no domínio do quase subliminar. O que ainda torna as coisas mais graves.

 

Ora, se estiveram atentos ao dia político, os jornalistas têm obrigação de saber que a manifestação era contra o Orçamento de Estado. E logo contra os partidos que o aprovaram. Leia-se, PSD e CDS-PP com a excepção do deputado madeirense Rui Barreto.

 

Em nome da simplificação do discurso, ou da simplicidade de análise, não vale misturar todos os deputados no mesmo magote. Bernardino Soares e António Flipe do PCP foram alguns dos que os directos televisivos apanharam junto aos manifestantes. Estariam lá outros, de outros partidos. Não parece que tenham sido importunados. E se a saída de deputados em viaturas complica a identificação do parlamentar e leva ao apupo preventivo, não será por isso que os manifestantes de ontem não sabem distinguir o seu trigo do seu joio. A manifestação contra o orçamento de Estado para 2013 não foi nem contra a CDU, nem contra o BE e, no caso específico e concreto, nem dirigida ao PS, que ontem pode ter feito um certo corte com o passado mais recente.

 

O artigo definido usado por Paula Castanho é populista e demagógico. Aquilo que comunica, aquilo que põe em comum - de acordo com o étimo latino - não é objectivo, não é rigoroso, não é verdadeiro. Contribui para a estupidificação do discurso. Para a ideia de que eles, os políticos, são todos iguais. Mas não foi isso que aquela gente que esteve ontem em frente à Assembleia da República disse. Os manifestantes têm os seus alvos muito bem definidos. Dos estivadores, ao Movimento Sem Emprego, à CGTP, aos outros que lá estiveram. Passar o contrário nos canais televisivos cria nos espectadores que não estão no local uma realidade alternativa. A ilusão de que não há alternativas.

 

Já tive esta discussão com um ex-editor meu. A do uso dos artigos definidos. Recusava o meu ponto de vista. Cinco anos de estudos em Ciências da Comunicação, quase vinte anos de jornalismo, por acaso com os primeiros passos em redacção dados no mesmo sítio que a jornalista da SIC, e ninguém lhe ensinou os poderes performativos da semântica. Uma coisa que nem os antigos sumérios, há mais de quatro mil anos, ignoravam.

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publicado às 09:10


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