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Equação sem soluções à vista (acrescentado)

por Tempos Modernos, em 07.08.16

Portugal escapou às sanções e será preciso ver se consegue evitar os cortes nos fundos estruturais cuja decisão foi diferida para Setembro.

 

Se a execução orçamental vai andando dentro das metas, há outras questões preocupantes em termos financeiros. A dívida e a estagnação económica são decisivas. E ainda vem aí a queda dos bancos italianos e alemães a dificultar (ou a impedir) a retoma.

 

O país está obrigado pela União Europeia a cumprir um determinado défice. De contrário, é castigado de acordo com os compromissos e regras acordadas. Vê-se pois forçado a gastar com a Administração Pública apenas uma percentagem muito baixa do PIB.

 

Para evitar as despesas o Estado evita fazer investimentos. Mas sem investimentos, o país não melhora a situação económica. E assim, não aumenta o Produto Interno Bruto, que permitiria, com a mesma despesa na administração, continuar a baixar o défice tal como previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento, Tratado Orçamental e nos compromissos europeus.

 

Uma pescadinha de rabo na boca e uma equação irresolúvel. Até porque a Dívida não pára de subir. Até porque se torna necessário pagar os juros que foram relativamente diferidos e se vão vencendo entretanto.

 

Governos sucessivos atiraram para o futuro os juros de empréstimos - boa parte dos quais contraídos por necessidades de desenvolvimento. Piores foram os contraídos junto da tróica, que serviram para pagar a especulação financeira e as apostas de risco da banca. Tal como está, a dívida portuguesa é impagável.

 

Ou se põe fim ao Tratado Orçamental ou se renegoceia a dívida. O ideal seria fazer as duas coisas. O que acabará por suceder, porventura a mal. Continuar a fazer de conta não resolve nada. Mas é ainda essa a perpectiva de muitos dos próximos do PS.Se bem que não de Pedro Nuno Santos ou João Galamba - o futuro socialista.

 

Da banda empresarial pede-se investimento, mas continuam a fazer-se as mesmas exigências de cortes no Estado e no Trabalho - sem perceberem como não bate a bota com a perdigota.

 

A solução de experiência económico-social que o país gozou durante os quatro anos de Passo Coelho e Paulo Portas conduziu ao atraso e a um retrocesso do desenvolvimento  e não resolveu nenhum problema real do país.

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publicado às 17:04

Falha freudiana

por Tempos Modernos, em 16.11.14

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(Fonte: economico.sapo.pt)

 

Como bem se sabe, é de direita todo aquele que diz já não existirem diferenças entre esquerda e direita.

 

Questionado no Público sobre o repensar das funções constituicionais do Estado, Ferro Rodrigues, chefe da bancada parlamentar socialista, responde que

"[i]sso não é um problema Constitucional, é um problema político, que sempre em todo o mundo felizmente dividiu a esquerda da direita e espero que continue a dividir."

Ao exprimir o desejo de que o estabelecimento das funções estatais continuem a dividir esquerda e direita, manifesta dúvidas subliminares quanto à firmeza de convicções ideológicas do PS, partido de que foi secretário-geral e que apenas umas perguntas antes dizia ser o partido mais à esquerda do espectro partidário português.

 

Ferro, o PS e o país ganhariam mais em resolver as contradições dos seus, do que em acenar fantasmas antigos e procurar perigos e contradições na restante esquerda como faz na mesma entrevista. A agenda da década, apresentada há dias por António Costa, mostra que os socialistas pouco aprenderam com a crise, sobre as suas causas e o seu papel nela. A situação portuguesa concreta resulta de acções e decisões postas em prática pelos que estiveram presentes no Governo. Nunca da ausência de outros, independentemente da leitura de responsabilidade por essas não presenças que o chefe da bancada rosa possa fazer.

 

E é pena que não resolvam as contradições. João Galamba, Pedro Nuno Santos e Pedro Adão e Silva, que pertenceu ao secretariado de Ferro Rodrigues, têm escrito coisas acertadas e inteligentes (aqui, aqui, aqui, ou aqui, por exemplo). Não se vê é como poderão pô-las em andamento com os caminhos traçados pela direcção que apoiam e ainda agora elegeram.

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publicado às 13:45

Um partido por encontrar

por Tempos Modernos, em 20.03.13

 

(Foto: rr.sapo.pt)

 

Tirando o odiado Manuel Maria Carrilho e poucos mais, pelas bandas do PS são poucos os que perceberam o que se tem passado na Europa e no mundo nos  últimos anos. 

 

Com aquele tom e firmeza que o tornam notado, António José Seguro tem apesar de tudo dito uma ou outra coisa que poderia fazer sentido e no entanto não parece descolar nas intenções de voto. A circunstância de serem já bem conhecidas as diferenças entre o PS de Governo e o PS de Oposição até poderiam explicar a coisa, mas os motivos são outros. Entre os eleitores ninguém imagina Seguro como primeiro-ministro. Nem mesmo que já se tenha avistado Pedro Silva Pereira na comitiva do secretário-geral. Nem mesmo que à porta-fechada se fale em moções de censura.

 

Na oposição interna, António Costa, Augusto Santos Silva e Francisco Assis tentam levantar a cabeça, mas por essas bandas - a direita do PS - a percepção dos dias que correm ainda é mais difusa. Contarão espingardas, fazem contabilidade e gerem lugares a distribuir. Manuel Alegre, cuja capacidade de análise é mais fraca que o instinto, disse há dias que Assis, por exemplo, "não percebeu nada de nada".

 

Daniel Bessa, que é independente, foi ministro de Guterres e tem a seu favor ter fechado os hipers aos domingos, sugeriu que o país vai tão mal que o PS deveria integrar o Governo alargando a maioria que o sustenta. Desejos de quem viu parte da luz e ainda acredita que é possível salvar a sua parte no navio que se afunda. Pessoalmente, talvez se safe, mas o rombo não permite sequer que o barco consiga boiar.

 

Quatro parágrafos para chegar a Pedro Nuno Santos, um dos ex-dirigentes da JS (que de quando em vez vai dizendo coisas com sentido. Hoje no jornal i percebeu finalmente que "[e]stamos em guerra"Que "Portugal deve fazer pressão pública, promover ativamente alianças com outros países, aproveitar a energia dos protestos dos portugueses como instrumento de pressão negocial e, em última análise, rejeitar mesmo a aceitação de condições de ajustamento suicidas".


Contraditório é que numa altura em que sectores do PS parecem ter começado a perceber o que está em causa na Europa, no euro e no país que nos últimos quase 30 anos ajudaram a construir, se lembrem de recorrer a Jorge Coelho para apoiar em Viseu uma candidatura autárquica. O antigo ministro de Guterres é uma figura pessoalmente simpática, mas não tem condições para, em concomitância, continuar a ocupar espaço empresarial e espaço político.


 

 

 

 

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publicado às 16:51

A sucessão baralhada

por Tempos Modernos, em 16.01.13

 

 

(Foto: Público.pt)

 

Anda confuso o PS de António José Seguro que ainda ontem voltou a pedir a demissão do Governo (é o Costa que anda aí, não é?).

 

Em contra-senso, um dos seus deputados mais críticos consegue elogiar Ferro Rodrigues e Correia de Campos num mesmo parágrafo. No PS, talvez se lhe chame terceira via.

 

Só que Correia de Campos replica em cada intervenção o passado que aqui nos trouxe, enquanto Ferro Rodrigues já avisou que assim não se vai lá.

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publicado às 12:47

 

Durante anos, os jornais impingiram-nos José Sócrates como o grande primeiro-ministro reformador de que Portugal precisava.

 

A maioria dos directores, comentadores e opinião publicada avaliava a bondade das suas propostas em função da agressividade mostrada e do gosto pelo confronto. Era impossível governar-nos, bando de madraços, sem pulso de ferro. A velha história de que não nos governamos, nem nos deixamos governar.

 

As tendências dos jornais medem-se pelas escolhas editoriais. O espaço em redor da publicidade, é preenchido a gosto dos critérios jornalísticos, blindados pelas escolhas de chefias, temerosas de arriscar salários. Os artigos e notícias podem ser objectivos, mas retratam apenas e só o que alguém considera noticiável. Sem grandes ondas que isso de informar antes do tempo não é para levar a sério, cima cria mau ambiente e, dizem especialistas, não vende papel.

 

Depois, mudaram os tempos. Os interesses continuaram os mesmos e Sócrates tornou-se o alvo a abater. Com o mesmo rigor e preconceito com que antes endeusaram Sócrates (honesto, e mostrando-se disposto a voltar a errar, um antigo editor meu confessava recentemente que se enganou várias vezes quando escreveu em defendesa do ex-primeiro-ministro), atiraram-no fora com a fama de ter feito ainda mais mal ao País do que aquele que os torresmos fazem às veias.

 

Ignorantes da História e do que diziam economistas fora do baralho, como João Ferreira do Amaral, esqueceram-se de noticiar que a situação era explosiva, que havia uma crise ao virar da esquina.

 

Agora imolam um socialista, Pedro Nuno Santos, por, num arrobo raro nos partidos do arco da governação, se mostrar mais preocupado com os portugueses em dificuldades que com os juros usurários a que estamos obrigados e que nunca na vida conseguiremos pagar

 

Quando é que os jornais trocarão a indignação fácil e as ideias feitas com que ajudaram a perder o país? É que aos jornalistas não cabe serem responsáveis nem educarem o povo, cabe-lhes sim informar.

 

Nota: Entre o não saber o que pensar, a discordância ou o receio de desagradar a quem faz a opinião pública, o PS oficial assobia para o lado.

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publicado às 17:07


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