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Uma aldeia resiste à extrema-direita

por Tempos Modernos, em 13.11.16

Para perceber o mundo que cerca Portugal, neste momento um oásis tolerante, interessa publicar um mapa dos actuais governos europeus, com ligações às extremas-direitas xenófobas, autoritárias e anti-imigração:

 

"Repassemos o mapa europeu. A extrema-direita é hoje a força política mais votada em três países da UE (Hungria, Polónia e Bélgica) e na Suíça, onde, escusado será dizer, está no governo com partidos da direita clássica.

 

É o segundo partido mais votado na Dinamarca e na Croácia. Com mais de 10% dos votos, governa com outros partidos civilizados de direita na Finlândia, Letónia, na Bulgária e, fora da UE, na Noruega.

 

Na Eslováquia, melhor ainda, está dentro de uma coligação dirigida por um social-democrata! Hoje com cerca de 1/6 dos votos, a extrema-direita já esteve no governo com democratas-cristãos e/ou liberais na Áustria (onde pode vir a obter a Presidência da República) e na Holanda.

 

Fora do governo, ela é hoje a força mais votada em França, a terceira na Grã-Bretanha, na Suécia e, segundo as sondagens, na Alemanha.

 

E vamos em 15 dos 28 países da UE! Por todo o lado, partidos da chamada direita clássica incorporaram um discurso nacionalista, xenófobo/anti-imigrantes, racista. A sua escolha está feita. Com a extrema-direita pode-se sempre falar de austeridade desde que ela afete apenas as minorias e se se negue a Bruxelas o acolhimento de um só refugiado que seja."

 

Manuel Loff, "A lengalenga do Populismo", in Público

 

 

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publicado às 12:43

Mario Vargas Llosa escreveu A Civilização do EspectáculoGuy Debord A Sociedade do Espectáculo.

 

Mesmo aquém da problematização necessária, Gilles Lipovetsky escreveu acerca d'A Era do Vazio e d'O Império do Efémero.

 

Em A conspiração contra a AméricaPhilip Roth ficcionou uns Estados Unidos governados por nazis e pelo muitíssimo popular aviador Charles Lindbergh, vencedor de Franklin Roosevelt, nas eleições presidenciais de 1940. E ficcionou as consequências para a Europa e para o Mundo das cordiais relações com Hitler do hipotético presidente.

 

O escritor Don DeLillo tem várias obras acerca do real e da sua contaminação pelo espectáculo, veja-se Mao II ou a peça Valparaiso. O recém-desaparecido Nobel Dario Fo expôs as entranhas do teatro dentro do teatro e da realidade.

 

Apesar das diferenças culturais (e também de valores) entre ambos, Berlusconi e Marcelo Rebelo de Sousa são realidades televisivas. E chegaram antes de Trump.

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publicado às 12:06

Já não me sinto tão sozinho

por Tempos Modernos, em 20.05.11

Sempre que ponho reservas ao embandeiramento em arco com o autor sou destratado por gente que nem sequer o leu. Embora não vá tão longe como a jurada descontente, pelos vistos há reforços de peso para a causa.

 

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publicado às 19:06

Philip Roth ganhou o Man Booker International com o júri vincando as suas "audiências que não páram de crescer", um estranho critério de qualidade.

 

Os prémios valem o que valem mas todos os anos em Setembro/Outubro engrossa o coro dos descontentes com a Academia Sueca que nunca mais premeia o homem. E como não premeia crescem as acusações contras a idoneidade nórdica. Felizmente, em 2010, o dito coro já deixou de contar com o argumento Vargas Llosa*. Não há pachorra para levar com a repetição globalizada do que a Time ou a Newsweek dizem.

 

Esquecem-se é de que Estocolmo também costuma premiar tendências literárias e dificilmente volta ao mesmo local. Em 1985, Claude Simon serviu, de certa forma, como representante do noveau roman, impedindo a consideração séria, daí em diante, de outros escritores como Alain Robbe-Grillett ou Nathalie Sarraute.

 

Infelizmente para os admiradores de Roth, o romance do judeu norte-americano, upper-class, letrado, embrenhado nos seus labirintos pessoais também já foi premiado em 1976, quando o superior Saul Bellow venceu o Nobel da Literatura.

 

Não sou um particular amante do estilo nem das histórias de Roth de que, confesso, conheço pouco. Cultiva uma prosa bem escrita, directa, ensimesmada e auto-centrada. Decalca retratos de uma certa classe média alta com pretensões intelectuais onde os jornalistas gostariam de se rever e que também agrada aos professores universitários - outro reduto onde a função crítica ainda se vai fazendo sentir.

 

Assuntos comezinhos, de um dia-a-dia mais corroído do que corrosivo, assombrado pelo sexo, ou falta dele, pela idade que pesa, pela auto-realização. Tudo coisas que Bellow já tratou antes com outra novidade e golpe de asa estilístico mas que, de repente, ninguém parece ter lido.

 

 

Nota: *O peruano é um dos raros escritores que pode fazer romances com ideias dentro e que a crítica mainstream - fardada de epígona do Nabokov - não critica. Nada  contra, o novíssimo marquês é um grande escritor, mas há outros que também o são (como Saramago, Pinter, Fo ou Grass) e a inteligentzia dominante abomina-lhes a tendência para tomarem partido. Chamemos-lhe memória literária selectiva.

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publicado às 23:01


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