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(fonte: publico.pt)
Faz hoje vinte anos que a polícia de Cavaco Silva e Dias Loureiro correu à bastonada os estudantes que se manifestavam contra o aumento de propinas no Ensino Superior.
Em editorial no Público, Vicente Jorge Silva iria pronunciar-se contra uns rabos e umas pilas mostradas noutras ocasiões de protesto - estendidos também ao secundário. Com irreprimível e transbordante clarividência inventava a Geração Rasca. Contribuía, e não pouco, para o descrédito da luta estudantil.
Pouco depois, Guterres calaria muitos protestos fixando as propinas no valor "simbólico" do salário mínimo, só que desde então não pararam de crescer e subir.
Hoje, as famílias portuguesas são na OCDE das que mais pagam para manter os filhos no Ensino Superior. E os estudantes que, nessa mesma geração, liam os Independentes e lutavam contra os "rascas" que saíam espancados da Assembleia da República, contra os "rascas" que mostravam pilas e rabos, são hoje secretários de Estado e ministros do nosso bonito contentamento colectivo.
(Foto: http://noticias.sapo.pt)
Há dias, a maioria dos jornais noticiou que o aumento das propinas contribuíra para o aumento dos estudantes universitários.
A ideia é contraditória. Então, os mesmos governos que criam taxas para moderar a afluência de utentes-doentes aos hospitais e centros de saúde, usam taxas para incentivar a inscrição de utentes-estudantes no Ensino Superior?
Entre a imprensa que destacou o estudo, não se deu por ninguém que achasse estranha a análise das relações causa-efeito. Pouco importa que a Fundação Francisco Manuel dos Santos - que co-patrocinou a análise com a Universidade Católica Portuguesa - funcione mais como um centro de propaganda de certas ideias, que de debate amplo e plural.
Há quem aponte vícios ao estudo e lhe chame "fraude" mas nos jornais não se deu destaque aos detractores. Há polémicas que interessam e outras que não. E mesmo quando a decisão não é premeditada, é de esperar que se informe fora da formatação mental?
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