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O Governo Sombra começou na TSF e acabou a exibir-se na TVI24.
Agora é o Sem Moderação, do Canal Q, que ganha direito a ser ouvido na rádio.
Mais ou menos interessantes, independentemente das qualidades dos intervenientes, estes programas repetem-se em estereofonia, sem qualquer vontade de pluralismo de vozes.
Às direcções de programação e de informação nem ocorre manter o formato com outros tenores. Vão buscar os mesmos, a outros palcos, para que se possa ouvir os mesmos a dizer a mesma coisa. E alguns até se repetem em programas do género.
"Sinergia" é um palavrão da novilíngua, idioma que um historiador recentemente me garantia ser uma das mais perspicazes caracterizações do regime totalitário soviético esquecendo-se que convive com ela diariamente no sistema em que vivemos.
"Colaboradores", "reestruturações", "ajustamentos", "ajuda externa" também fazem parte do cardápio, mas não falta nas redacções quem se atire a elas como gato a bofes e as utilize como se fossem tão despidas de intenção como o seu sentido semântico aparenta.
Estranho, quando a maior parte dos jornalistas não fez engenharia, como eu, mas sim ciências da comunicação e jornalismo, em faculdades onde as semióticas, deleuzes, merleaus-pontis, essas coisadas todas se declinam na ponta da língua. Deve ser do convívio com o pessoal das publicidades e das relações públicas.
As tutelas de serviço à gestão das televisão e rádio públicas, de que Relvas, numa genealogia do poder nas estações do serviço público, constitui apenas mais um elo manipulativamente empenhado, prosseguem empenhadas em pôr alguns a fazer quase tudo. Vale a pena ler, ontem, Oscar Mascarenhas e J.-M. Nobre Correia que falaram sobre este mesmo assunto.
Gestores e tutelas políticas têm assassinado a informação. Mas a coisa fia mais fina e chega a todo o lado. Pode dizer-se que outros, sendo meios privados, farão o que quiserem, mas o jornalismo não é um enlatado qualquer e há responsabilidades para com quem dá o dinheiro a ganhar às empresas.
Nos jornais, rádios e relevisões trabalha gente que tem direito a ser gerida por quem contribua para a manutenção das vendas ou o seu crescimento sustentado. Infelizmente, o que sobra são mercenários que em nada contribuem para a produção daquilo que os leitores procuram, gestores que todos os dias aprofundam as maneiras de pôr o trabalho dos outros em risco.
Quando o grupo que detém o Dinheiro Vivo replica informação desse meio nas páginas do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias, pode estar a poupar em pessoal, mas também sabota os seus próprios produtos e presta um mau serviços à informação.
Nenhum leitor gosta de perder tempo na net à procura de outras notícias sobre um determinado assunto que lhe interessa, para encontrar o mesmo e exacto artigo copiado para várias plataformas dos órgãos de comunicação do grupo. Cedo deixará de as visitar. No digital procura-se variedade e não o copia e cola.
Já o Público despediu muita gente experiente no final do ano passado. O jornal tem de dar lucro até 2015 e afirmou uma aposta no digital. Pelo caminho reproduz na versão papel muitas notícias que li antes na versão online. Acham mesmo que as restantes notícias do papel serão suficientes para a malta continuar a comprar-lhes o jornal em banca? Eu cá não me fiava.
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