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É curioso que a Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) peça agora o fim da isenção de IMI para os partidos e se coíba de pedir o mesmo para a Igreja Católica.
Depois de ter sido noticiado que algumas repartições de Finanças começaram a cobrar IMI à igreja, já o Expresso tratou de noticiar o património imobiliário dos partidos. Agora lembra-se a ALP de pedir o fim das isenções dos partidos.
Espera-se que algum jornal (o Expresso, por exemplo) contabilize a dimensão da propriedade predial da Igreja Católica. Muitos desses bens foram obtida por doação, em mais de quatro mil paróquias em todo o território nacional. Seria, pois, muito interessante que todos percebessemos a dimensão da propriedade imobiliária nas mãos da Igreja.
Já agora, perceber quanto pagaram de impostos pelas doações de bens dos particulares e perceber quanto IMI deixou de ser cobrado quando essas propriedades passaram das mãos dos privados não isentos para as mãos da isenta Igreja.
(Fonte: SAS Universidade de Lisboa)
Nos meus últimos anos de Técnico cruzei-me com um pequeno e simpático grupo de colegas. Gente inteligente, mas neo-liberal ou coisa ainda pior. Ainda a seu desfavor, sabe-se lá porquê, o apreço político por dois dos sinistros alas de Durão Barroso, figuras já misturadas com o negro mundo da advocacia dos negócios e com a alma prestes a enegrecer, ainda mais, em cumplicidades bélicas que os manchariam de sangue e os tornariam, a ambos os dois, infrequentáveis por gente decente e asseada.
Em conversa, um dia, um desses colegas tentava convencer-me de como só havia vantagens em entregar a privados a cantina pertencente aos serviços sociais da Técnica: melhorias no serviço, na qualidade alimentar. O serviço não era o melhor, concedo, a qualidade das refeições andava longe de satisfatória. Mas não percebi a defesa do privado feita pelo meu colega. Ainda hoje não percebi a ideia, nem depois de ter, noutra escola, feito um segundo curso superior, e notado, e reclamado, como a qualidade de serviço prestada prossegue muito aquém do desejável.
Admito que a comparação entre empresas possa aguçar a vontade de fazer melhor. Mas ter uma única empresa a servir refeições no mesmo espaço não é grande incentivador de comparações. E a realidade e o contexto ecológico de uma cantina são uns e não outros. O privado que substituia a acção social escolar não tem com quem se comparar. Ainda se várias empresas funcionassem no mesmo espaço e à mesma hora, havia a possibilidade de se escolher que refeição se queria.
Se numa cantina, com preços condicionados, por razões óbvias e evidentíssimas, a refeição desagradar, e com o mesmo preço e quantidade (pão, sopa, refeição, sumo ou água e sobremesa), a facilidade da não deslocação, o estudante só tem uma opção. A própria cantina. O serviço competindo, privado ou público, consigo próprio. E, no final, ajustamento residual dos gastos do Estado: a mesma verba que era paga aos serviços sociais escolares substituída pela indemnização compensatória paga pelos contribuintes de modo a permitir à empresa vencedora do concurso manter os preços controlados e sociais.
Metido ali, em substituição dos serviços sociais, o privado apenas ganharia uma renda estatal. Acabaria desviado da competição, livre do risco tão glorificado pelos empreendedores. Libertado da rua, onde os seus serviços de refeição poderiam, sim, competir e melhorar, em relação aos do restaurante vizinho, atraindo clientela, mexendo com a economia e não contribuindo para o défice público.
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