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Nas parafarmácias não podem vender paracetamol 1000 mg.
Mas podem vender de 500 mg.
Será que o legislador acha que os clientes não sabem somar 500 com 500?
Bem sei que a peça quererá responder a uma curiosidade dos leitores surgida agora, mas o jornalismo além de curto, claro e conciso tem de ser culto.
Ficarem a cultura e a reflexão à porta das redacções explicará que numa publicação portuguesa se chame cupping a uma prática com origem na China, Egipto e Médio Oriente antigos.
Nos jornais (onde há gente que lida com a língua portuguesa e com as novidades) há sempre uns artistas a redescobrir o fogo e a dar nomes ingleses a coisas tão velhas como o Partenon.
É curiosa a entrada do artigo do Público acerca de propostas para a ADSE apresentadas por uma comissão de peritos.
O título fala de uma "ADSE [que] deve ser associação privada..."
Depois, na entrada na página digital da publicação lê-se:
A vontade dos peritos apresentada no presente do indicativo. A pretensão dos sindicatos já deitada para trás das costas, num pretérito imperfeito.
Vai-se a ler, e nem a vontade dos peritos é definitiva para o Ministério, nem os sindicatos viram a sua pretensão ultrapassada.
Até podem justificar as nuances sintáticas com necessidades de agarrar o leitor, mas naturalizam um ponto de vista e negam o papel do jornalista enquanto produtor de informação para debate público.
No Diário de Notícias fala-se das Parcerias Público Privadas hospitalares que "[t]odos elogiam e querem manter". O tonitruante "Todos" parece mais um desejo pessoal de quem fez o título do que acerto jornalístico - coisa que não é de certeza. Não é acerto e para ser jornalismo ainda há que haver um bocadinho mais de esforço.
Vai-se a ler e, logo à primeira linha, se percebe que o Bloco de esquerda está contra. Cita-se uma entrevista de Catarina Martins onde a dirigente bloquista defende o fim das PPP da Saúde. Começa o ruidoso "Todos" a ficar amputado de partes. No DIário de Notícias ouviram-se ainda antigos responsáveis e criadores da coisa que a elogiaram, pois pudera.
O ministro da tutela, que não se quis pronunciar, parece posto no saco dos apoiantes das PPP da Saúde, com argumentos que pecam por ingenuidade ou dificuldades hermenêuticas da jornalista. De declarações antigas do ministro tiram-se conclusões. Tramado é que estas são suficientemente ambíguas e abertas para reflectirem uma posição oposta com a vontade de não mergulhar o Governo em polémicas desnecessárias. A jornalista não chega lá. Usa as proposições como fechadas, quando as devia usar abertas a várias possibilidades, tal como foram expressadas pelo governante.
O trabalho pouco cuidadoso prossegue. Correia de Campos é citado. Diz que as "PPP na saúde nunca foram objeto de litígio nem de crítica quanto ao seu valor e à sua execução porque elas foram geridas sempre com enorme rigor". A jornalista esquece-se de fazer o contraditório das palavras de Correia de Campos. Era o que faltava que o ex-ministro de Guterres e de Sócrates e um dos pais da coisa fizesse a crítica da própria acção. E o contraditório nem era difícil. Bastava uma pesquisa no Google, para achar uma entre muitas críticas.
Na sua contabilidade do "Todos", a jornalista ouviu também um representante do Sindicato dos Médicos Independentes. O clínico disse que os médicos não se assumem nem contra nem a favor do modelo. Afirmou que "trabalham independentemente do titular do meio de produção, o fundamental é a garantia da qualidade das condições de trabalho e consolidação da carreira médica". Difícil ver nisto um elogio ou a vontade de manter as PPP.
Por fim - mas podia ter ficado no segundo parágrafo deste postado - se no artigo se alargasse o escopo dos que foram ouvidos, também se acharia oposições do PCP e do PEV às PPP na Saúde. Mas, depois, o artigo não era a mesma coisa, pois não? Já eram três a pedir-lhes o fim de modo explícito. Ainda o "Todos" do título ficava menos justificado do que aquilo que já não está.
Taxas moderadoras a 40 euros nas urgências são uma condenação à morte.
(Foto: dn.pt)
Nas vésperas da comunicação presidencial sobre o estatuto político-administrativo dos Açores, em meios da JSD sugeria-se que a declaração de Cavaco poderia estar relacionada com o seu estado de Saúde. Afinal, a montanha pariu um rato e a coisa arrumou-se na gaveta dos rumores.
Ontem, depois de cerca de dois meses sem dar públicos sinais de actividade - a agenda oficial e o facebook não contam -, Cavaco voltou a intervir, no seguimento de um artigo de opinião saído no Público onde se punha em letra de forma a hipótese de o Presidente da República estar incapacitado para o exercício das suas funções.
O inquilino de Belém não pareceu doente. Mas, com a crise que o país e a Europa atravessam, não seria boa altura para andar a brincar ao Senhor Presidente do Conselho Caiu da Cadeira. Nem sequer para deixar no ar resquícios, por mínimos que sejam, de que o rumor pode ter razão de ser.
A mentir ao hospital para ter pensos à borla.
(Foto: Público.pt)
Cavaco respondeu há dias a jornalistas que não comentava o corte de 200 milhões de euros no orçamento da Saúde por estar de férias.
Sorte a dele, que pode ter férias (e logo sem necessidade de ir ao médico) e as pode aproveitar para inaugurar uma unidade privada de saúde.
Sorte a nossa, que ficamos a saber a quem dedica Cavaco os tempos livres que Belém lhe reserva.
(Via Samuel)
Medeiros Ferreira, que há tempos via em Cavaco um último reduto de razoabilidade contra a austeridade, já apregoa o homem como um Presidente "fraquinho".
Cavaco nem sabe o que lhe vai cair em cima por recusar receber os cartões postais em defesa da maternidade Alfredo da Costa.
Não acerta uma. Segue tão na mó de baixo que a sua saída de Belém arrisca-se a dar festas na rua. Com foguetes e tudo.
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