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A administração da Caixa Geral dos Depósitos deve entregar as declarações de rendimento e património, quanto mais nao seja para, por exemplo, se evitar que os administradores possam deter participações em activos de outras instituições bancárias - uma incompatibilidade.
Sugerir, como Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP; que "quem não deve não teme" está longe de ser um argumento. É exactamente o mesmo tipo de argumento demagógico e perigoso que usam os defensores da vídeo-vigilância. Um tipo é livre de passear e fazer o que lhe apetece, sem ter câmaras apontadas.
(fonte: sol.pt)
Sobre a greve do Metro escreveu-se ontem, aqui, o evidente. Haver para aí gente a dizer que o Metro ia parar, uma mesmíssima gente cujo raciocínio não sai da linha.
Mais do que previsivelmente, a greve acabaria desconvocada. A paralisação estava marcada desde o governo de Passos e Portas, há questões que vêm de trás, a necessidade de as reafirmar; o novo governo estará sustentado em acordos que muitos jornalistas, na linha do argumentário da direita, teimam em considerar frágeis; o ponto final nas privatizações das transportadoras é já público. Era uma situação de onde só podiam sair vencedores.
O país mudou os paradigmas políticos, mas muitos analistas e comentadores mostram-se incapazes de ver além da linearidade do dito e do declarado. Cãezinhos de Pavlov, é o que é.
Ainda aí gente a dizer que vai haver greve do metro esta semana. Estão preocupados, dizem, com a postura dos maquinistas, que prejudica o povo trabalhador, e receiam que isso traga Passos e Portas de volta. É o que se podem chamar Raciocínios que não saem da linha.
O pessoal que no comentário jornalístico e na blogosfera protestou contra os professores de greve em dia de exame encontrou durante a semana aliados preciosos.
Num dia, um grupo de deputados da JSD, colectivo onde o bom-senso marca escassa presença, exigiu saber quanto custam os sindicatos ao Estado. Ou seja, embora não percebam o alcance da ideia, desagradam-lhes os custos da democracia.
No dia seguinte, foi o sempre poupado Alberto João Jardim que reclamou a mudança da lei da greve.
Benditas companhias.
No Governo Sombra, da TSF, João Miguel Tavares eriça-se pois, segundo afirma, para se ser estivador tem de haver aprovação prévia do trabalhador pelos sindicatos da classe. Um escândalo que a contratação esteja na mão dos sindicatos.
O problema é que Tavares é jornalista. E no jornalismo, efectivamente, só entra quem os patrões querem. Ou bem que direcções e chefias os deixam publicar nos seus órgãos de comunicação, ou o pedido da carteira profissional fica impossibilitado.
E o que não falta na classe é gente saneada e impedida de publicar apenas por ser desagradável aos que se esqueceram de noticiar que vinha aí a crise.
Ontem no Sindicato dos Jornalistas, entre outras questões, discutiram-se "despedimentos, encerramentos de publicações, falta de mobilização da classe, trabalho precário, estágios gratuitos, a proliferação das agências de comunicação ao mesmo tempo que diminuem o número de jornalistas ou os requisitos para o acesso à profissão".
Este blogue é um blogue de combate.
Entre eles o combate pelo jornalismo. Basta olhar aí para o lado: para o tamanho "enorme" (agora diz-se assim) da etiqueta jornalismo.
Tempos Modernos nasceu muito da urgência de tornar o jornalismo um lugar decente.
De o tornar qualquer coisa asseada, limpa, livre, pluralista, sem medos. Pelo menos para mim, que em dez anos de profissão nunca vi que o fosse.
Saúda-se pois o conjunto de iniciativas que o sindicato da minha classe está a organizar. Entre elas um encontro de jornalistas para discutir formas de luta, já no sábado que vem, dia 27 de Outubro, e uma conferência nacional, para dia 24 de Novembro. O texto da convocatória está aí, transcrito:
"1. O agravamento da situação dos jornalistas na generalidade da comunicação social, os resultados positivos que têm sido alcançados na mobilização dos jornalistas, a crescente consciencialização da classe para a necessidade de respostas mais determinadas e organizadas aninam a Direcção do Sindicato dos Jornalistas a prosseguir na preparação de um vasto conjunto de iniciativas.
2. Assim, além da realização, no próximo dia 27 (sábado), de reuniões de jornalistas (sócios e não sócios do SJ) e da dinamização de várias acções junto da classe, a Direcção do SJ decidiu convocar para o dia 24 de Novembro uma grande Conferência Nacional dos Jornalistas.
3. Destinada a colocar em debate a situação do Jornalismo e dos jornalistas e a discutir formas de intervenção nas redacções e na sociedade, bem como a dar suporte mais amplo à própria acção do Sindicato, esta Conferência constituirá também um passo no caminho da concretização do ansiado 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses, que o SJ se comprometeu a organizar.
4. A Direcção do SJ apela à mobilização de todos os jornalistas em torno do seu Sindicato e à participação nas referidas iniciativas. "
"1. A Direcção do Sindicato dos Jornalistas saúda vivamente os jornalistas e os outros trabalhadores ao serviço da Lusa – Agência de Notícias de Portugal, SA, pela sua vitoriosa greve, saldada por uma paralisação praticamente total do serviço, já que apenas alguns takes gerados na delegação de Macau durante a madrugada entraram em linha, tendo o serviço sido suspenso totalmente às 08h00.
2. Trata-se de uma paralisação exemplar, que certamente vai ser prosseguida amanhã, dia 19, e durante o fim-de-semana, numa demonstração histórica da força e da determinação dos trabalhadores da Lusa em defender não apenas os seus postos de trabalho, mas essencialmente apostados em defender o futuro da Agência, a sua capacidade e o seu prestígio.
3. A Direcção do SJ saúda de modo muito especial todos os dirigentes e delegados sindicais e os membros da Comissão de Trabalhadores e do Conselho de Redacção, aos quais se deve a capacidade organizativa, de esclarecimento e de mobilização dos trabalhadores, claramente traduzidos na adesão à greve.
4. O SJ saúda também o modo empenhado e generoso como esses activistas estão a trabalhar no esclarecimento da opinião pública, tanto através das informações e declarações prestadas a órgãos de informação e dos materiais de informação e propaganda já produzidos, como também através dos contactos com os grupos parlamentares e outras instâncias e, ainda, das iniciativas públicas já realizadas.
5. Consciente do sacrifício – desde logo económico – que esta luta representa para os jornalistas e restantes trabalhadores, mas também convicta da importância determinante do seu êxito, a Direcção do SJ exorta-os a manter bem viva e determinada esta força e esta coragem e a aprofundar a unidade em torno das suas organizações representativas."
"1. Os jornalistas e outros trabalhadores ao serviço do jornal “Público”, do poderoso Grupo Sonae, cumprem [hoje], dia 19, uma greve de 24 horas como forma de luta e de protesto contra a intenção da Administração de despedir 48 trabalhadores, dos quais 28 são jornalistas e também em defesa do jornal e do seu futuro.
2. Com efeito, os jornalistas e os outros trabalhadores têm clara consciência de que, além do pesado ónus pessoal, familiar e social que este despedimento representará se for consumado, a intenção da Administração de reduzir drasticamente a força de trabalho do “Público” virá a ter consequências muito sérias no desempenho do jornal, seja na edição impressa, seja nas suas versões digitais.
3. Ao enfraquecer a capacidade do “Público”, a Sonaecom, cujos lucros aumentaram quase 52% em 2011 e quase 20% no primeiro semestre deste ano, estará a condenar o futuro de um importante activo no panorama da imprensa nacional e a contribuir para a redução da oferta informativa no país.
4. Bem podem a Sonaecom e o grupo Sonae argumentar com os prejuízos que o jornal está a dar, que não iludem factos indesmentíveis: o “negócio” do jornal é pequeno no vasto universo do seu “portfólio” de actividades, mas reveste uma grande importância no panorama da imprensa portuguesa, que é necessário proteger e valorizar; e os prejuízos são uma pequena gota no oceano dos seus lucros.
5. É por isso que esta greve é uma luta justa e necessária: é preciso dar voz a um protesto e também a um apelo para que a Sonae mantenha, reforce e relance o “Público” e preserve os seus postos de trabalho!
6. Sendo uma luta justa e necessária, esta greve também convoca a solidariedade dos jornalistas, dos trabalhadores do sector dos cidadãos, pelo que a Direcção do Sindicato dos Jornalistas, activamente solidária com os trabalhadores ao serviço do “Público”, apela à expressão do mais amplo apoio, designadamente através da presença junto dos piquetes de greve em Lisboa e no Porto."
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