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Bill Gates é mais progressista que Vieira da Silva, o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
Pelo menos Bill Gates percebe o óbvio, que Vieira da Silva não percebeu.
Os robôs criam riqueza, tornando a mão de obra humana obsoleta destroem postos de trabalho e esvaziam as contribuições para a segurança social. Então tem de se arranjar maneira de redestribuir essa riqueza.
Os 25 dias de férias, entretanto retirados, foram usados por Bagão Félix como alegada compensação por uma série de modifcações do Códogo de Trabalho favoráveis à parte patronal.
Numa pesquisa na rede acerca do tema,surgia imediatamente um comparativo europeu e mundial feito pela publicação digital paga por um par de empresários, amigos de Durão Barroso, primeiro-ministro aquando da ideia.
Lá se explica, com gráficozinhos e tudo, como Portugal terá mais dias de férias do que outros países. Esquecem-se é de explicar o como e o porquê de se ter chegado a estes dias de férias e com que justificação isso foi feito na altura. Ninguém sugere é a reposição dos direitos tirados aquando da abertura da possibilidade (mediante antiguidade e assiduidade) de gozar 25 dias possíveis, - possibilidade entretanto eliminada.
Na mesma linha noticiosa, mais evangelizadora do que noticiosa, uma televisão repetia ontem à noite, sem o enquandramento histórico, os mesmos argumentos e números da publicação digital dos moços do Compromisso Portugal.
Um tipo equaciona a bondade da sua crítica àqueles camaradas jornalistas que na sequência da indicação de Vieira da Silva para ministro do Trabalho foram para as televisões e jornais dizer que era uma nomeação que agradava à esquerda.
Infelizmente, a realidade dá-lhe sempre razão. Os ditos camaradas devem mesmo viver numa qualquer realidade alternativa, um misto de Twilight Zone e a Terra do Nunca, onde a raça das notícias das medidas do ministro não chega e onde eles se mostram incapazes de somar dois e dois. É que com Vieira da Silva é, há muitos anos, cada tiro cada melro.
Agora, lançou-se legislação em França pelo direito a não se ser contactado pelos patrões, nas folgas, nas férias e fora do horário de trabalho. A noção de que não é óbvio o carácter abusivo de muitos desses contactos evidencia-se pela necessidade que alguém sentiu de os proibir.
Questionado acerca do assunto, o ministro português não se lembrou, mais uma vez, de grande coisa para dizer. Será assunto para debate e discussão em sede de contrato colectivo.
Em vez de fechar liminarmente a porta aos abusos, abriu antes uma janela aos patrões que insistam em trabalhar de modo desorganizado e sem planeamento.
No final do ano passado, um grupo não dispiciendo de jornalistas de política deu Vieira da Silva como um ministro que agradaria à Esquerda.
A afirmação é apenas mais uma das muitas que expõem as fragilidades de análise de um grupo maioritariamente pouco capaz de dizer coisas que colem com a realidade.
Vieira da Silva já em tempos tinha mexido o Código de Trabalho de Bagão Félix a favor dos patrões, o que não era de molde a deixar a esquerda descansada. Medidas nascidas e propostas pela direita e amplamente criticadas à esquerda, acabam reequacionadas por Vieira da Silva.
Recentemente, mostrou-se incapaz de pensar fora do esquematismo liberal, quando solicitado a fazê-lo pelo Reitor da Universidade de Coimbra - o que mais vincava a alienação de grande parte do grupo dos jornalistas de política.
Agora, Vieira da Silva volta a aproveitar uma ideia da Direita e entrega um catita cabaz de Natal aos patrões da CIP, CCP e CAP, ao pôr os contribuintes a subsidiarem-lhes (através da redução da Taxa Social Única) um muito atrasado aumento do salário mínimo nacional.
António Costa pode dar voltinhas, falar de Natal e pôr os tuítes oficias do PS a dizer que fecharam 2016 com chave de ouro.
No essencial e na substância, fecha o ano com uma traição dos acordos que lhe têm mantido o Governo, disse-lhe a esquerda parlamentar com todas as letras, aqui, aqui e aqui. Entre a tentação da maioria absoluta e da aliança com o sucessor de Passos Coelho, o PS balançará?
As apresentações periódicas dos desempregados a receber subsídio foram criadas por Vieira da Silva, o tal ministro que jornalistas-comendadores dizem ser apreciado pela esquerda.
Para lhe minar qualquer credibilidade à esquerda, bastava a criação da obrigação que transforma os desempregados em arguidos com termo de identidade e residência, impedidos de sair de casa por uns dias sem autorização do IEFP, e a ter de dar conta das saídas para férias .
A coisa termina agora. Tantos anos para no PS darem conta da falta de critério de proporção e proporcionalidade da imposição que criaram e dos paralelismos com os termos para identidade e residência do processo penal.
Subir Lall falhou sem explicações a reunião que tinha marcada com o Conselho de Concertação Social (CCS). No seu lugar mandou uns senhores que ninguém sabia quem eram, mas que ouviram e tomaram nota.
Da próxima, o chefe de missão do Fundo Monetário Internacional corre o risco de que - ao menos uma das centrais sindicais - mande um dos seus administrativos à reunião. Lall bem se pode justificar com uma falha de comunicação. Quem acredita que tanta gente, e de interesses tão divergentes, tenha ido ao engano a uma reunião do CCS que afinal era outra coisa?
Todavia, nem tudo foi tempo perdido em mais uma actuação do FMI em Portugal. Enquanto por aí andava, Subir Lall aproveitou para deixar recados acerca da política económica e social do governo. Com um sentido de oportunidade curioso, antecipava o tom e conteúdo das declarações de Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão. E vincava a vontade sancionatória da comissão bruxelense.
Já deixei de ler jornais por terem corrido de lá com gente cujo trabalho acompanhava, mas que directores e gestores consideravam preguiçosos.
Não regressei a essas publicações, agora cheias de gente que trabalha muito.
Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão cujos conselhos tanto sucesso têm trazido aos portugueses, vem mais uma vez defender a flexibilização laboral nos países do sul da Europa.
O processo de fleixbilização dos despedimentos foi iniciado com o código de Bagão Félix, sob o Governo de Durão Barroso; aprofundado com Vieira da Silva, já com Sócrates; e complementado sob Passos Coelho, num processo que o PS aceitou.
O argumento é velho: "Quando a protecção contra os despedimentos é alta, os mais velhos não podem ser despedidos e isso está bem, mas então os jovens não têm acesso" ao mercado laboral, diz Schauble e todos os inúmeros defensores da flexibilização dos despedimentos.
O que a prática continuada de dez anos prova é que desde que a taxa de desemprego teve um crescimento continuado desde que o código Bagão entrou em vigor. Os mais velhos são despedidos, não encontram emprego e os mais novos continuam sem acesso ao mercado de trabalho
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